Hungaroring
reunia em suas curvas do traçado travado as condições ideais para que os carros
equipados com motores aspirados pudessem competir de igual para igual com os de
motores turbo.Após uma vitória incontestável de ponta a ponta na Alemanha,
Ayrton Senna estava apenas três pontos atrás de Alain Prost na classificação do
campeonato, que apontava 60 a 57 pontos para o francês. Esta seria uma grande
chance de empatar ou até ultrapassar o seu rival.Apesar da grande disputa do
ano ser entre as McLaren, depois de um papel coadjuvante durante toda a
temporada, Nigel Mansell voltou a figurar entre os melhores tempos nos treinos
de classificação com a sua Williams, equipada com o motor Judd.Mesmo com a
inesperada briga pela pole position, a posição número 1 estava reservada a
Ayrton Senna, que andou melhor com a sua McLaren, mas com uma ínfima diferença
de 108 milésimos de segundo para o britânico. O brasileiro cravou 1min27s635 e,
seu maior rival na luta pelo título, Alain Prost, largaria apenas da sétima
posição. A segunda fila foi formada por Thierry Boutsen e Ivan Capelli.Após a
largada, a briga continuou com os dois ponteiros dando um espetáculo magnífico
nas inúmeras curvas do seletivo traçado húngaro. Ayrton Senna manteve a ponta,
sabendo que as ultrapassagens ali eram difíceis. Prost tracionou mal e caiu
para o nono lugar, tendo que intensificar ainda mais sua corrida de
recuperação. Ganhando uma posição ainda na primeira volta e aproveitando-se da
ida de Capelli para os boxes, Prost iniciou a segunda volta na mesma posição em
que largou. Quem fez a melhor largada foi Riccardo Patrese, que subiu de sexto
para terceiro.Depois da 12ª volta, Mansell permanecia colado na traseira de
Senna, que soube trabalhar bem a estratégia de provocar um erro do rival.
Obrigou Mansell a fazer freadas violentas até que o inglês foi a nocaute. O
britânico passou da zebra, pegou um trecho de grama, e rodou sozinho. A
Williams voltou na quarta posição e não teve um bom rendimento após a rodada,
abandonando na volta 60. Na nota da equipe, o motivo do abandono foi o desgaste
dos freios. E havia um outro detalhe: Mansell estava com sarampo, que havia
pegado de um dos próprios filhos.A saída de Mansell na briga pela vitória não
deixou as coisas mais simples para Senna nesta corrida. Patrese foi para cima
do brasileiro e incomodou o piloto da McLaren até a volta 27, quando sofreu com
o superaquecimento de seu carro, certamente agravado pelo forte calor do verão
europeu. Com isso, o piloto da Williams começou a se arrastar na pista e
Boutsen assumiu a segunda posição. Em corrida de recuperação, Prost já subia
para o terceiro lugar, aproveitando-se dos problemas das Benetton e das
Williams.Na volta 33 das 76 programadas, Senna tinha uma vantagem de 2,3
segundos para Boutsen e 7 segundos para Prost. A partir daí, a diferença entre
os três ficou no visual. Apenas na volta 47 é que Prost despejou potência do
motor Honda e concluiu a ultrapassagem sobre o belga no final da reta,
principal ponto de ultrapassagem do circuito.Logo na volta seguinte, Senna
tinha que negociar a ultrapassagem com dois retardatários. Prost se aproveitou
do momento e tentou surpreender o companheiro no final da reta. Mesmo por
dentro, o francês ficou sem a tangência ideal no final da curva e o brasileiro
deu o xis, naquela que foi a melhor manobra da corrida.As McLaren permaneceram
grudadas até o final da prova, quando Ayrton cruzou a linha de chegada com
0s529 de vantagem para o companheiro. Boutsen completou o pódio 31s atrás. O
campeonato agora tinha os dois rivais empatados com 66 pontos.Bem-humorado com
a 12ª vitória na carreira, Ayrton Senna declarou sobre o infortúnio de Nigel
Mansell após a prova:“Agora vocês entendem por que eu ganhei a corrida?
Disparei com medo do sarampo” O próximo GP da temporada estava marcado para
Spa-Francorchamps, na Bélgica, três semanas depois.
Fonte: História de Ayrton Senna http://www.ayrtonsenna.com.br/piloto/
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