sexta-feira, 26 de outubro de 2018

GP de San Marino o treino se Sábado e a morte de Roland Ratzenberger - 30/04/1994

 
A MORTE DE ROLAND RATZENBERGER. NARRAÇÃO DA TV GLOBO 30/04/1994


Galvão Bueno: "E uma batida forte, sente a pancada vc vê a maca o Ratzenberger , o Ratzenberger teve uma batida forte , olha gente eu não queria ver isso de novo hoje, tudo que a gente não queria era ver isso de novo hoje pra ficar a mesma expectativa várias ambulâncias, mais do que ninguém o Rubinho não queria ver isso hoje .. mas eu queruia até.. fica aí a torcida acompanhando a retirada, desacordado o Tatzenberger, a cabeça caida de lado a pancada foi forte no capacete.. olha só, aí ele já bateu , já vem caido aí , ele já vem desacordado, ele já perdeu toda a parte lateral esquerda do carro. Vamos ver se a gente consegue a repetição, identificar o ponto da pista .. saiu lá atrás olha  e bateu forte. Esse circuito ele tem alguns pontos de área de escape estreita e de grama você vê que aqui no final da cuva.. pancada muito forte.. ele vai chegar aqui no final   tem a caixa de brita, mas lá quando você sai e ganha a grama você aumenta velocidade do carro quando você vai de encontro ao muro , a proteção que tiver, você vai com mais velocidade ainda, você tem a té a impressão que pela carenagem ela se rompeu , dá pra ver a perna dele olhando de fora a carenagem. .. taí o Ratzenberger, olha eu ontem conversava isso e falava com Ayrton Senna e ele não respondeu, não emitiu opinião .. eu tenho a impressão que essa história de você, ou visando economia ou.. você estreita pneu , você estreita aerofólio , você diminui ou seja voce toma providencias para que o carro tenha menos dalforse para que ele tenha menos estabilidade na pista , ao mesmo tempo o motor cada vez fala mais alto e cada vez os carros tem mais velocidade, você tira essa estabilidade dos carros e os tempos vão caindo, como cairam aqui , então o carro anda mais rápido com menos estabilidade. Esperava chegar uma pista rápida porque aí a coisa fica grave. Você passa a andar em mais velocidade que andava, tem menso área de pneu, tem menos aerofólio, tem menos arrasto, e aí parece que a coisa fica mais dramática. A escapada do Rubinho ontem, a escapada do Ratzenberger agora, as rodadas constantes de Martin Brundle, de Schumacher , de Senna, foram tantos carros saindo violentamente da pista e tudo que a gente não quer ver é isso, isso é tudo que o profissional da Fórmula 1, o piloto da Fórmula 1, as equipes, os jornalistas, o torcedor, isso é o que a gente não quer ver. Não sei nem se eu estou falando besteira mas eu acho que alguma providencia deve ser tomada, os carros estão cada vez mais velozes e ..(aparece imagem de massagem cardíaca em Ratzenberger que chama atenção de Galvão) e olha lá atenção ein, a coisa é mais grave do que a gente imaginava, está tendo massagem cardiaca, reanimação, tem sangue ali, a pancada é grande, esse grande prêmio que a gente se lembra de Berger , de Nélson Piquet aí bem Graças a Deus, essa área de escape é no fim da curva  mas é uma curva que ela tem um inicio lá atrás, ela tem uma mudança de traçado, você escapa no inicio como é que você vai chegar .. vai chegar no muro

Rubens Barrichello:” essas saidas ninguém está esperando , só vai ocorrer uma saida se cair uma roda, se cair uma porca, com certeza foi coisa mecânica e no meu caso a curva que eu fiz tem duas curvas muito altas que com um toque ela pode causar um problema muito maior. As zebras ali deveriam ser mais baixas e a velocidade iria até aumentar então a curva deveria ser mais fechada se as zebras fossem mais baixas. Uma coisa que deve ser muito discutida no ano da Fórmula 1.

Reginaldo Leme:”é isso que eu estava dizendo no momento em que a gente foi interrompido no momento em que os médicos tentavam reanimar o Ratzenberger é que tudo isso que o Galvão falou tem a ver, toda essa tentativa de mudança de regulamento de tentar deixar a Fórmula 1 de outra forma mas que os tempos continuam baixando só que as pistas tem que acompanhar tudo que se muda tecnicamente. Você vai ver o acidente de novo e vai ver de onde ele está saindo  e se existe uma área de escape não aconteceria um acidente tão grave se bem que ali ele já vem perdendo partes do carro antes, não é nessa batida, ele já teve um problema antes mas aqui na batida é que foi o problema fisico do Ratzenberger

Galvão Bueno:” se você tem aquilo que você na sua imagem abaixo da sua tela, que é a caixa de brita que ela é feita pra quebrar violentamente a velocidade do carro, o carro travará toda essa velocidade , se ele chegar a bater ele vai bater muito devagar. Então ali quando ele sai na grama, é muro e ganha velocidade quando vai na grama.A preocupação é muito grande, são duas coisas ali sintomáticas, uma aquela massagem cardíaca e outra uma coisa que eu quero até evitar falar mas isso que é uma coisa pra quem está a tanto tempo nesse mundo é até sintomática na Fórmula 1 que é a equipe baixar a porta do boxe. Então vamos torcer para que a coisa possa estar melhor aí pro Ratzenberger.

Reginaldo Leme: uma caixa de brita ali naquele ponto realmente seguraria o carro antes do toque, mesmo que venha a tocar , no caso do Rubinho pior ainda o trecho daquela curva não adiantaria caixa de brita porque o carro passou por cima da zebra o carro decolou , decolaria sobre a caixa de brita “

Galvão Bueno:”eles continua fazendo massagem cardíaca ,tentando ativar, sei lá”

Rubens Barrichello:"em pista de Fórmula 1 o que eu acho mais necessário é área de escape, por exemplo o trecho da curva Lorouge em Spa-Francorchamps é muito pequeno, deveria existir uma área de escape muito grand, talvez no caso do Ratzenberger se existisse caixa de brita ali, o carro amorteceria muito mais mas poderia capotar. Deveria ter um pneu pouco  mais à frente para absorver a pancada mas fora isso não tem jeito, ou você tem espaço ou você vai bater com um muro ou alguma coisa muito dura. É o caso de Aida no Japão, era  muito apertado e tinha que se ter uma condição maior pra se guiar lá

Momento em que Ratzenberger é levado na ambulância
Galvão Bueno:" ai o Ratzenberger sendo levado pra ambulância e vai ser levado pro hospital junto à área de box, o Rubinho vai até sair.. tá bem Rubinho? diz que tá bem mas ninguém tá bem depois do susto levado ontem, é evidente que.. o Cabrini(Roberto Cabrini) já está ali correndo atrás pra buscar maiores informações. O treino completamente paralisado por 12 minutos e mais uma vez a gente vai ver o acidente, ele vem lá de trás, ele vem reto, ele vem de lado ali, ele bateu do lado esquerdo, quando ele entra  na grama ele gira ao contrário pra bater o  lado esquerdo, a pancada do lado esquerdo .. outra coisa que é importante porque se você rever o acidente do Rubinho quando ele passa pela primeira perna que ali ele já escapou que ele veio pra segunda que não deu, vai reto ele freia, ele tem o reflexo de frear. Há um pneu travado, a fumaça saindo. Você vê aqui que o Ratzenberger em momento algum parece que existiu nele o reflexo da freada, em momento algum você vê o pneu fritar, em momento algum você vê a fumaça subindo. E olha o que restou do carro, aquilo parece ser o braço dele(do piloto), ou seja, rompeu inteiramente o cock-pit , de fibra de carbono ou o que quer que seja, as criticas, uma certa irresponsabilidade dessas mudanças mas os carros tem buscado a segurança quanto à durabilidade do carro, do cock-pit mas vale lembrar que esse carro está estreando na Fórmula 1, carro novo que vem para a sua terceira corrida.

Imagens da ambulância no centro médico
segue Galvão Bueno:" aí fica aquela mesma angustia. As pessoas começam a se acumular na porta do hospital e é uma constelação geral realmente e o Cabrini está correndo atrás da noticia pra você. O acidente aconteceu com 18 minutos e quarenta segundos de treino e estamos aqui a uma hora e dezoito minutos, oito horas e dezoito minutos da manhã aí no Brasil, já vamos a oito horas e vinte e nove minutos, oito horas e trinta minutos e realmente a Simtek Ford a gente a muito tempo não vê o carro assim tão destruído(momento em que o carro é levado de caminhão para os boxes). A pancada foi forte.. (aparecem as imagens do acidente de Ratzenberger desde antes, aparecem imagens de peça que se soltou na curva anterior à batida, ou seja, na curva Tamburello, peça essa que teria causado o acidente). Galvão continua:'essa câmera é de recuperação que não estava lá para acompanhar o carro.. já voou alguma coisa ali , olha só, parte da carenagem do carro "

Reginaldo Leme;"voa o aerofólio do carro, ele já sai descontrolado, você vê parando a imagem que é o aerofólio do carro que voa"

               sequencia de imagem que mostra o aerofólio se desprendendo do carro de Ratzenberger


Galvão Bueno:"ele perde o aerofólio, ele perde o apoio traseiro, já sai girando, já sai completamente sem controle. Tem um grande piloto que perdeu o aerofólio num treino, o Elio de Angelis na França em Paul Ricard e ali faleceu Elio de Angelis quando no final da reta dos boxes .. o Ayrton Senna falou que apesar dos acidentes, o maior susto que ele levou foi na Alemanha quando perdeu o aerofólio, quando vinha com o carro a mais de 300 km/h, quando perde o aerofólio o carro sai completamente da mão, sai completamente do domínio, de condutor ele passa a ser passageiro. Fica por conta de Deus'

Reginaldo Leme:" um dos acidentes mais graves que ocorreram na Fórmula 1 foi em 1975 em Montjuic no GP da Espanha quando aconteceu  exatamete isso, o Rolf Stommelen voou por cima de outros carros, inclusive sobre José Carlos Pace, voou por cima da tela, matou alguns espectadores(cinco), nenhum piloto morreu nesse acidente, Stommelen que veio a morrer cinco seis anos depois na Califórnia correndo em carros de Ford.

GALVÃO BUENO FALA DE CORRIDA EM QUE FITTIPALDI SE NEGOU A CORRER

 Galvão Bueno:"nessa corrida Emerson se negou a correr , disse que uma tragédia iria ocorrer ali , de uma forma muito fria os donos da Fórmula 1 colocaram os negócios acima de tudo, o circuito de Montjuic já não se corre .. Emerson Fittipaldi disse que não ia correr, pra não se ter uma punição maior, Emerson foi para o treino com uma coragem muito grande, fez uma volta lenta para não se classificar que era a sua forma de protestar e não participar da corrida.. depois desse acidente a Fórmula 1 ficou muitos anos sem um acidente fatal (aparece o helicóptero para a remoção de Ratzenber) Galvão segue:" estamos aguardando noticias que, como ontem, que esperávamos noticias do Rubinho e elas vieram com o Ayrton Senna e mesmo contra orientações iniciais, ele veio correndo, parou o carro e veio correndo para o hospital e foi o primeiro a entrar, que pôde entrar e foi com a saída de Senna que vieram as primeiras notícias, as redes de televisão, todas correram e o Senna disse que pode ficar sossegado que ele(Rubinho) está bem , tá mexendo perna, braço, não em fratura, o Senna que era o homem da boa notícia ontem que a gente esperava alguém pra trazer uma boa notícia "

Reginaldo Leme fala do dia que nasceu Ratzenberger, que á austríaco e que tinha 31 anos, que começou sua carreira na Fórmula Ford em 1983, que depois disputou campeonatos alemão e austríaco, que em 1986 ele ganhou o campeonato de Fórmula Ford de Brands Heath na Inglaterra e em 1988 disputou campeonato inglês de Fórmula 3 e em 1989 disputou Fórmula 3000 mas no Japão e estava no Japão desde então até 1993 correndo de Fórmula 3000 e de Fórmula de turismo, 5º colocado no geral nas 24 hs de Leman em 1993 e 1994 era seu primeiro ano de Fórmula 1.

Helicóptero sai do centro médico para o hospital Maggiore(imagens)
Galvão Bueno:" aí vai se deslocando para o hospital Maggiore, em Bolonha  aonde o Rubinho esteve ontem à noite , graças a Deus saiu-se muitíssimo bem hoje pela manhã. Vai se deslocando para o hospital Maggiore em Bolonha, o mesmo hospital para onde foi levado Berger naquele acidente quando o carro explodiu como uma bola de fogo(1989, o acidente de Nélson Piquet que também foi levado pra lá(1987) e o acidente de ontem do nosso Rubinho que também fica a cerca de 20 km daqui(aparece helicóptero aterrissando) aguardando notícias do Cabrini que vem com todas as informações .. esse é o camping que ninguém quer ficar, quem vive esse esporte que foi ontem frequentado por quase todo circo

Aparecem imagens de Ayrton Senna pegando o carro de segurança para ver de perto o real estado de saúde de Ratzenberger
Galvão Bueno:" aí Ayrton Senna,ele vai de carro, o Senna com a sua experiência, a sua importância assume a sua posição de liderança. Ontem ele parou o treino e foi ver o Rubinho, agora pegou o carro de direção da prova e foi pra ver o local do acidente. Isso é muito importante. Essa posição existiu com o Stewart, com Nicki Lauda, de Emerson Fittipaldi e essa posição parece voltar a existir com Ayrton Senna . Outro comentário sobre a atitude de Senna é que ele grande campeão nas pistas se mostrou grande campeão também fora delas com toda essa preocupação. Parece que ele está ai, em nome dos pilotos, checar as condições .. aí o carro do diretor da prova, exatamente pra lá que eles se dirigem.. (carro para).. chegou a existir uma associação  que se chamava GPDA Grand Prix Drivers Association, associação de pilotos de Grand Prix, que teve a presença do Stewart, do Lauda, ele era o homem a cuidar da segurança, desse contato com os construtores, com os homens da Fórmula 1, não existe mais a associação, não é mais um órgão oficial. Aí o comissário explicando pro Senna, ele gesticulando (carro volta a seguir) mesmo sem esse órgão,  o Senna assume para si essa responsabilidade"

Reginaldo Leme:" essa é a posição de um tricampeão, tem que ter a  experiência , tem que ter o respeito de todos os pilotos, organizadores que é a posição que o Senna assume hoje. A GPDA foi criada na época de Emerson e de Jackie Stewart, Jackie Stewart sempre presidiu, Nicki Lauda tomou essa liderança por algum tempo(Senna sai do carro) e quando Jackie Stewart se retirou o presidente natural  seria o Emerson que politicamente já foi bastante atuante mas que não foi presidente porque os pilotos convenceram o Stewart que ainda por fora da Fórmula 1 a ser mantido nessa presidência até porque teria mais tempo pra cuidar da segurança que era o principal objetivo da GPDA quando foi criada. A Associação perdeu seu valor depois, houve   atritos com FOCA, com FIA  e ela acabou sendo recriada com outro nome, você que acompanha a Fórmula 1 deve se lembrar  que houve  uma crise muito grande em 1982 por ocasião do GP da África do Sul (Senna volta ao carro e se retira e aparece imagem de Ratzenberger indo pro helicóptero em direção à UTI)

 Galvão Bueno  interrompe: " aí está, repara, ele(Ratzenberger) vai pra UTI, a preocupação de cobrir com o lençol para que não se veja e  continua ali a tentativa de reanimar o coração do Ratzenberger, ele já está, o que poderia ser feito no hospital com atendimento do médico da Fórmula 1 Sid Watkins e do chefe médico dr Giuseppe Pianna que é o chefe do atendimento médico do circuito, o helicóptero da UTI, o outro helicóptero poderia trazer o dr Watkins ou até os dois poderiam antecipar qualquer coisa mas ele sai no helicóptero da UTI o Ratzenberger.

Reginaldo Leme:" a substituição do helicóptero é sinal que as consequências foram ainda mais graves que o Rubinho, o Rubinho foi levado ontem  naquele primeiro  helicóptero, que deixou esse local e está sobrevoando o autódromo para que esse helicóptero da UTI pudesse chegar e agora sim ele vai levantar voo em direção ao hospital Maggiore de Bolonha. Só pra completar Galvão,então o Jackie Stewart continuou como presidente, depois que a GPDA foi praticamente extinta, ela foi revigorada assim por dizer, nesse GP da África do Sul sob a liderança do Didier Pironi que assumiu a posição de presidente e lider no movimento contra a super licença quando foi criada, o estatuto que regia a super licença naquela época que não tem nada a ver com o estatuto de hoje e que os pilotos se revoltaram, se recusaram a participar dos treinos no GP da África do Sul..

Galvão Bueno:" eles fizeram um boicote no primeiro treino oficial mas eles não conseguiram levar adiante porque a pressão dos donos de equipes era tamanha que eu me lembro que no segundo dia de treino, porque no primeiro eles se reuniram num hotel, ficaram todos juntos no hotel, no segundo treino, que seria o segundo treino da manhã, o Bernie Ecclestone não deu carro ao Nélson Piquet, era uma punição em cima do campeão do mundo pra mostrar aos outros olha vocês não botem as mangas de fora porque nós temos a força, e aí, perguntado,(o helicóptero da UTI levanta voo em direção ao hospital Maggiore levando Ratzenberger ou o corpo de Ratzenberger)... o Bernie chegou a responder até de uma forma que ninguém podia ouvir, uma coisa que era séria ele chegou a responder: não eu estou cuidando da saúde do Piquet porque ele não dormiu direito, nós escolhemos um hotel bom pra ele, ele foi pra um hotel que não era muito bom, então não vou dar carro pra ele agora não pra ele descansar pra ele treinar de tarde, era a forma que ele estava demonstrando pra ele pressionar os pilotos para que os pilotos não pudessem ter essa força..essa atitude do Ayrton Senna é muito importante nesse momento na Fórmula 1.O helicóptero vai e leva junto a torcida de todos , os austríacos mais ligados ao Ratzenberger mas leva a esperança de todos nós que vivemos esse mundo da Fórmula 1, aí os torcedores italianos que querem ver seu piloto mostrar sua habilidade , etc , mas com total segurança. Daqui a pouco nós voltamos trazendo mais informações. Intervalo comercial.

Voltam a passar a classificação do treino : 1º) Senna 1.21 48, 2º)Schumacher 0337, 3º)Berger , 4º) Hill etc

Galvão Bueno:" o Reginaldo falava aqui em "off", esse circuito tem que ser modificado, o pessoal da FIA, os homens que organizam tem que buscar uma maior segurança, tem que imaginar .. sai roda, sai aerofólio, o carro de Alboreto quase se desmanchou no GP de Aida na freada e os carros não são 100% perfeitos e aí entra o imprevisível e todos os pontos tem que ser analisados e todo dinheiro deve ser gasto em segurança com aquele que faz com que centenas e milhões de espectadores estejam a cada Sábado a cada Domingo no GP, ligados à Televisão fazendo jus aquilo que envolve muito dinheiro em torno da Fórmula 1 e qual é o astro maior? é o piloto. Além daquele final feliz do acidente de Rubens Barrichello, a gente não sabe o que espera do Ratzenberger, a imagem bem mostrada mostra que o aerofólio voou , o braço chega a aparecer, a carenagem aberta.. o Reginaldo volta com uma informação positiva, há um impasse no circuito de Ímola .."

Reginaldo Leme:" bom,  o Cabrini informa lá do hospital né de que não há uma palavra definitiva dos médicos, apenas de que o acidente foi muito mais grave do que o acidente do Rubinho ontem e as consequências foram maiores (aparece a imagem de Lauda conversando com Berger) , ele (Ratzenberger) está no hospital e não sabemos o estado de saúde do piloto, agora a confirmação de que a equipe Williams não treina mais então deve ter sido a palavra do Senna que foi verificar as condições da pista e deve ser seguida pelas outras equipes. "

Galvão Bueno:"veja quando o Senna chegou ali, chamou a responsabilidade naquele momento numa liderança dos pilotos foi pra dentro e foi por isso que o manager não queria deixar a televisão mostrar, então bate essa decisão da Williams que não vem mais pros treinos então dois personagens da Fórmula 1 que viveram momentos terríveis na Fórmula 1, o Nick Lauda naquele circuito de Nurburgring de 1976 e de Berger aqui mesmo quando renasceu do acidente da Tosa a pancada tão grande, o carro explodiu em fogo..O Lauda é o consultor da equipe, você tem o Jean  Toddi que dirige a equipe, o Lauda com sua posição moral, com a participação muito efetiva nas decisões da Ferrari. O Jean Alesi deveria estar participando dessa conversa mas não está porque se machucou quebrou duas vértebras num treino particular, então ali Berger, Lauda e Toddi estão conversando, estão pra tomar uma decisão oficial da Ferrari. Reparem que a Williams já coloca a carenagem de seus carros sobre o cavalete já na posição característica do carro que não está sendo preparado pro treino. Queria saber do Rubinho dessa atitude da Williams, o pessoal da Benetton também resolveu não treinar, o que você acha?"

Rubens Barrichello:" é um momento de muita decisão em que você procura tirar o máximo do carro e diz não vamos mais treinar e é uma decisão muito exata, você vê um acidente desse gênero, parte do corpo está fora do carro(imagens de Ratzenberger após o acidente) e você se sente super mal , que ele volte bem do hospital, temos momentos de briga, política mas nós somos uma família, você vê ontem o Ayrton comigo depois do acidente se preocupando comigo, é o momento melhor da nossa vidas não é o momento da bandeirada e sim quando um colega tenta entrar de qualquer jeito no lugar pra ver como você está e ele(Senna) foi até lá e eu também decidiria parar, apesar de que as equipes lá de trás precisam mais do resultado mas de qualquer forma acho que deveria parar.."

Intervalo. As Williams e as Benettons não vieram para a conclusão dos treinos. Berger decidiu continuar no treino.

Galvão Bueno:"Portanto Senna, Hill, Schumacher e Lehto estariam fora,   a briga fica nas posições mais abaixo ou até se o Berger que fez 22 e 1 , seis décimos menos que Ayrton Senna teria  condições de buscar essa  pole position de Senna ou, pelo menos, tirar Schumacher da primeira fila  Schumacher fez 21.88 e Berger tem 22.11

Senna manteve a pole, sua 65ª da carreira e última  e Schumacher largaria na segunda posição.


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O ACIDENTE FATAL DE RATZENBERGER FONTE WIKIPEDIA
Fonte: Wikipedia
A vinte minutos da sessão classificatória final, o austríaco Roland Ratzenber   falhou ao contornar a curva Villeneuve em seu Simtek , chocou-se com a barreira de concreto oposta quase que sobre-cabeça e ficou gravemente ferido. Embora a célula de sobrevivência   permanecesse em grande parte intacta, a força do impacto lhe infligiu uma fratura basal craniana. Ratzenberger, em sua primeira temporada como piloto de Fórmula 1(segunda corrida pois não havia se classificado para disputtar o GP Brasil em Interlagos), tinha atropelado uma zebra da chicane Acque Minerali na volta anterior, impacto no qual se pensa ter danificado sua asa dianteira. Ao invés de retornar para os boxes, ele continuou outra volta rápida. Correndo a 306 km/h, seu carro sofreu uma quebra da asa dianteira que o deixou incapaz de controlá-lo. A sessão foi parada e os quarenta minutos restantes foram então cancelados. Mais tarde, no hospital, foi anunciado que Ratzenberger faleceu como resultado das múltiplas lesões sofridas. Sua morte marcou a primeira fatalidade de uma corrida de fim de semana na Fórmula 1 desde  Grande Prêmio do Canadá de 1982, quando Riccardo Paletti veio a falecer após uma colisão durante a largada. Havia ainda oito anos desde que Elio de Angelis morreu testando um carro da Brabham no Circuito de Paul Ricard.
                                        O Austríaco Roland Ratzenberger após o acidente fatal


 COMO SENNA REAGIU AO ACIDENTE


Fonte: Blog Ayrton Senna Vive 12/05/2013 
Senna estava sentado sobre a carenagem do seu carro, dentro do box. Assistia pelo monitor de televisão aos treinos, quando viu o acidente que matou o piloto Roland Ratzenberger. Ficou com uma expressão de choque. Quando Ratzenberger começou a receber uma massagem cardíaca, Senna se descontrolou. Colocou as mãos no rosto, caminhou para um canto do box e chorou convulsivamente. Os dois projetistas da Williams afastaram fotógrafos e jornalistas para que a cena não fosse registrada. "Ele ficou assim, chorando, uns quinze minutos", relembra Betize Assunção, sua assessora na Europa, que ficou ao lado do piloto com a orientação de não lhe fazer nenhuma pergunta. Quinze minutos depois, os projetistas foram até Senna e fizeram-lhe uma pergunta técnica. Senna respondeu. Betize então perguntou se ele estava bem. Senna disse que sim. "Dali em diante, ele não voltou mais ao normal", diz Betize.

http://ayrtonsennavive.blogspot.com/2013/05/o-medo-de-ayrton-senna-nos-ultimos-dias.html

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  A REAÇÃO DE SENNA AO ACIDENTE
Depois dos cuidados inciais, Senna ainda vestido com o macacão de competição, saiu em disparada correndo dos boxes da Williams (imagem principal, abaixo) e se dirige ao centro médico, onde teria recebido a informação do falecimento do piloto. 
https://joseinacio.com/2014/04/30/a-reacao-de-senna-ao-acidente-de-ratzenberger/
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SENNA VAI AO LOCAL DO ACIDENTE E DECIDE QUE NÃO TREINARIA MAIS

Depois de ir ao local do acidente do piloto austríaco,Senna decidiu que não iria mais treinar naquele dia. Do próprio box, ligou para Adriane Galisteu, sua namorada, que acabara de desembarcar em Lisboa. Adriane estava na casa do ex-banqueiro Antonio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, amigo íntimo do piloto, que o acompanhava na Itália. Senna quis saber se Adriane chegara bem e teve um diálogo tenso de dez minutos. Adriane lembra uma parte da conversa:
- E aí, tudo bem? - perguntou Adriane.
- Não, aqui não está nada bem. Estou muito chateado, muito nervoso, estou apavorado pelo que aconteceu com esse garoto - respondeu Senna.
- E o Rubinho?
- Esse está bem. Mas ali foi Deus que salvou.
- Você ainda vai treinar?
- Não vou correr mais, não quero correr. Não vou sair mais de carro nessa pista - avisou.
Ainda no autódromo, encontrou-se com o amigo Rubinho. Trocaram um longo abraço. "Ele estava preocupado. Vi que ao me ver tinha lágrimas nos olhos", diz Rubinho.

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SENNA É ADVERTIDO PELO FISCAL DA PROVA ROLAND BRUYNSESERAEDE POR TER IDO AO LOCAL DO ACIDENTE DE RATZENBERGER
Fonte: fatos que você ainda não sabia sobre a morte de Ayrton Senna 01/05/2014

O piloto chegou a ir até o local da pista onde havia ocorrido o acidente e depois chorou compulsivamente pela perda do colega. Para agravar a situação, o brasileiro ainda recebeu uma advertência do belga Roland Bruynseraede, delegado de segurança da F1 e diretor de prova, por ter ido até o local do acidente;
https://www.megacurioso.com.br/acontecimentos-historicos/43070-alguns-fatos-que-voce-ainda-nao-sabe-sobre-a-morte-de-ayrton-senna.htm
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DR SID WATKINS TENTA PERSUADIR SENNA A NÃO CORRER NO DOMINGO
Fonte: Wikipedia
 Sid Watkins , então chefe do time médico da F-1, recordava em suas memórias a reação de Ayrton Senna  com as notícias, declarando que "Ayrton caiu em meu ombro a chorar".Watkins, então, tentou persuadir Senna para que não corresse no dia seguinte, questionando-o: "O que vai fazer agora? Você foi o campeão mundial três vezes, você é obviamente o piloto mais rápido. Deixe e vamos pescar", mas Ayrton foi insistente, dizendo: "Sid, há certas coisas das quais nós não temos nenhum controle. Eu não posso deixar, eu tenho que ir adiante".

Resultado de imagem para sid watkins e senna
Senna classificou-se na pole-position, à frente do líder do campeonato,Michael Schumacher, Gehrard Berger , ex-companheiro de equipe e amigo do brasileiro, classificou-se em terceiro, e o companheiro de equipe de Senna, Damon Hill, começou na quarta posição. Um tempo marcado por Ratzenberger antes do acidente fatal teria sido suficiente para entrar no grid de largada a partir da 26ª e última posição

FITAS ENTREGUES PELO IRMÃO LEONARDO À AYRTON PARA, SUPOSTAMENTE, TENTAR AFASTÁ-LO DE GALISTEU
Fonte: Livio Orichio

Talvez o momento mais marcante para mim, envolvendo Senna naquele dia 30 de abril de 1994, sábado do GP de San Marino, foi quando o vi abraçado, apoiado no ombro do doutor Sid Watkins, do lado de fora do centro médico do circuitoEnzo e Dino Ferrari, em Ímola. Era mais ou menos 13h50. Naquele instante, o médico da F1 (e seu amigo pessoal) informou a Senna e a Charlie Moody, chefe da equipe Simtek, por onde corria o austríaco Roland Ratzenberger, que não havia nada o que se pudesse fazer pelo piloto. Ele estava morto. Não bastasse as questões profissionais da F1, tensas ao extremo, com sua necessidade de resultados e, principalmente, a morte do colega, Senna estava investindo pesado nos negócios particulares. Para complicar, e muito, tudo, havia a história das fitas entregues pelo irmão. Quando Adriane aparecia na F1, ele não escondia seu amor. Deve ter sido um baque ainda mais desestabilizador saber das fitas, ainda que precisasse averiguar a veracidade dos fatos



Na véspera da corrida fatídica, Senna teve um dissabor de outra ordem. Seu irmão, Leonardo, levou para ele uma fita cassete no quarto do hotel. Nela, havia a gravação de uma conversa telefônica de Adriane Galisteu com um antigo namorado. A quinta e última mulher da vida de Senna foi, segundo seus amigos, a que mais lhe fez bem. Com Adriane, o piloto começou a aproveitar a vida como nunca antes havia feito, além de se tornar mais afável e bem-humorado. Ele pensava em se casar com Adriane. "O Ayrton era muito sério, ele sempre namorava para casar", diz o amigo de infância Alfredo Popesco, hoje trabalhando numa concessionária da família Senna. No grampo feito no apartamento de Senna em São Paulo, o antigo namorado de Adriane zombava do piloto, dizendo que era melhor do que Ayrton na cama.Uma besteira. Braguinha afirmou que Nada na fita sugeria que Adriane estivesse traindo Senna ou mesmo que tivesse concordado com o comentário machista do ex-namorado.

Fonte: Blog Ayrton Senna Vive (Entrevista Ernesto Rodriguez autor do livro Heroi Revelado para a revista Veja em 2004)

http://ayrtonsennavive.blogspot.com/2014/05/o-que-tinha-nas-gravacoes-de-adriane.html

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SENNA NA NOITE DA VÉSPERA DA MORTE

Texto extraído do Blog Ayrton Senna Vive 12/05/2013
Na noite de sábado, Senna ficou no Hotel Castelo, na cidadezinha de San Pietro di Terme, próxima a Imola. Jantou no hotel com os amigos de sempre: Braguinha, o locutor Galvão Bueno, da Rede Globo, o irmão Leonardo Senna, o sócio Ubirajara Guimarães e o fisioterapeuta Leberer. No jantar, Bueno falou muito sobre a necessidade de melhorar a segurança nas pistas. "Isso não pode continuar assim", dizia Bueno. Senna, em silêncio, ouvia com um ar grave. Não disse uma palavra, mas concordava, balançando a cabeça. Encerrado o jantar, às 11 horas, Senna voltou a telefonar para Adriane, que a essa altura já estava na casa do piloto na Quinta do Lago, um condomínio de milionários em Faro, capital de Algarve, em Portugal. É uma mansão branca com piscina, portão fechado e cães de guarda. Dessa vez, os dois tiveram uma conversa longa, de cerca de uma hora. Trechos do diálogo:
- Você está bem? - perguntou Adriane.
- Estou muito chateado com o que aconteceu. Os carros são realmente muito rápidos. Ainda bem que estou aqui com o Braga, meu irmão, meus amigos. Agora estou melhor.
- Se cuida.
- Não precisa se preocupar comigo. Não esqueça que eu sou forte, Dri, muito forte.
Adriane recomendou ao namorado que tomasse um chá antes de dormir. Os dois combinaram de se encontrar no domingo às 8 e meia da noite, hora em que o piloto planejava pousar com seu avião BA-800 no aeroporto de Faro. O casal combinou passar três dias em Portugal. Depois iriam para Londres e finalmente Mônaco, onde ficariam pelo menos uma semana em férias. "A gente não se via há um mês, estávamos com muita saudade", diz ela. Os dois estavam praticamente se casando. Adriane deixou o Brasil na semana passada levando na bagagem planos de não voltar ao país até o final do ano, quando acabaria a temporada de Senna. 
 http://ayrtonsennavive.blogspot.com/2013/05/o-medo-de-ayrton-senna-nos-ultimos-dias.html
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ASSESSORA BELISE RELATA ÚLTIMOS MOMENTOS DE SENNA 
Por Aretha Martins e Pedro Taveira IG São Paulo 27/04/2014 

Senna não estava bem no último final de semana de sua vida. Abalado pelos acidentes de Rubens Barrichello e Roland Ratzenberger nos treinos para o GP de San Marino de 1994, o tricampeão mundial se sentia culpado. Ele pensava que era sua responsabilidade lutar por melhores condições de segurança na Fórmula 1. Foi o que relatou ao iG Esporte Betise Assumpção, ex-assessora de imprensa do piloto, morto 20 anos atrás.
“Imola era conhecido por ser um circuito absurdamente perigoso e os pilotos já haviam diversas vezes colocado pressão por mudanças. O Nelson (Piquet, em 1987) já havia sofrido acidente lá e o Gerhard (Berger, em 1989) só não morreu por pura sorte na mesma curva Tamburello, uma curva muito veloz com pouca área de escape”, lembrou
“No primeiro dia, quando o Rubinho sofreu o acidente e não morreu por milagre, o Ayrton ficou completamente abalado. ‘Por que a gente não botou o pé para essa corrida não acontecer? Ou não para não acontecer, mas para mudarem isso aqui?’. Falavam que não tinham dinheiro para as mudanças e foi preciso dois morrerem para fazerem”, contou a ex-assessora.
Barrichello bateu ao perder o controle de sua Jordan a 225 km/h na curva Variante Bassa no dia 29 de abril. Apesar da pancada forte, o brasileiro apenas quebrou o nariz e precisou imobilizar o braço direito. Mas Senna não descansou até obter informações sobre o amigo.
“Ele me perguntava como estava o Rubinho. Foi no centro médico e não deixaram ele entrar. Ele pulou o arame farpado porque achou que estavam mentindo para ele. Ele achou que o Rubinho tinha morrido e que eu não ia dizer para ele. E entrou para ver”, explicou Assumpção.
Com Barrichello foi só o susto. Mas no dia seguinte, 30 de abril, a coisa ficou pior. O austríaco Roland Ratzenberger, da Simtek, morreu depois de bater no muro da curva Villeneuve a 306 km/h.
“Quando aconteceu o acidente, o Ayrton saiu do carro e falou que não ia voltar. Ele arrumou um jeito de ir lá ver se o cara estava morto. E estava morto”, afirmou Betise.
“Ele não conversou comigo aquele dia, a não ser o óbvio e necessário. O acidente foi de manhã e ele não participou da tomada de tempo à tarde. Ele não falou com ninguém e até tive uma discussão séria com o assessor dele no Brasil que queria matéria. Mas eu sabia que ele não iria falar e não iria pedir isso para ele. Tinha visto ele e sabia que não tinha a menor condição de falar. Ele estava quase mudo, olhando para a parede”, prosseguiu a jornalista.
No último dia de sua vida, o fatídico 1º de maio de 1994, Senna permaneceu calado. E assim ficou na cena emblemática na qual, com o olhar distante, se apoiou por minutos na asa traseira de sua Williams antes de entrar no carro para a corrida.
“Ele passou mudo e não conversou com ninguém, só deu um bom dia. Perguntei se podia fazer alguma coisa para ajudar, mas ele disse ‘não'. A gente estava sentado meio perto e eu fiz um carinho no cabelo dele. Nunca tinha feito isso na vida. Ele estava péssimo. Fiz um cafuné bem carinhoso e bem rápido, mas foi espontâneo. Disse que ficaria ali fora para qualquer coisa. Só levantou a cabeça, me olhou no olho e falou um obrigado. Ele estava bem transtornado, bem ruim mesmo”, recordou Betise.
“Pelo que eu conhecia dele, ele devia estar achando que poderia ter feito alguma coisa (com relação à segurança). Ele era assim, se sentia responsável. Se via alguma coisa, achava que era ele quem poderia arrumar. Ele sabia que, como o maior nome da F1, tinha mais responsabilidade mesmo”, disse a ex-assessora.

https://esporte.ig.com.br/automobilismo/2014-04-27/assessora-relata-ultimos-momentos-de-senna-e-critica-prost-por-ida-ao-enterro.html
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'O homem esquecido da F-1': Ratzenberger morreu em Ímola um dia antes de Senna

Fonte:  Antônio Strini, do ESPN.com.br 30/04/2014
Em entrevista à CNN, Johnny Herbert resume assim a curta passagem de Roland Ratzenberger pela principal categoria do automobilismo. O piloto austríaco, então com 33 anos e estreante na F-1, foi a primeira vítima fatal do fim de semana do GP de San Marino, no circuito de Ímola, em 1994.
A esmagadora maioria, porém, se recorda e não se esquece apenas da morte do tricampeão Ayrton Senna durante a prova em 1º de maio, mas no dia anterior, há exatos 20 anos, o incidente com Ratzenberger quase fez o ídolo brasileiro não disputar a que seria sua última corrida.
O austríaco teve passagens por F-3 britânica e F-3000 japonesa, mas foi com carros turismo que conseguiu relativo sucesso: na Le Mans Series, onde correu por cinco temporadas, teve o ano de 1993 como melhor, alcançando uma vitória e o quinto lugar na classificação geral.
O bom desempenho lhe rendeu contrato para, finalmente, entrar na Fórmula 1 pela pequena equipe Simtek, também estreante em 1994. Ele teria como companheiro David Brabham, filho de Jack, o lendário tricampeão da F-1. Seu começo na temporada, porém, não foi bom, e Ratzenberger não conseguiu tempo para entrar no grid de largada do GP do Brasil.
Na corrida seguinte, no Japão, o austríaco colocou sua Simtek na 26ª posição no treino oficial e terminou a etapa no honroso 11º e último lugar, ao menos complentando as 83 voltas.
Em Ímola, Roland Ratzenberger ficou apenas em 26º e 25º nos dois treinos livres de sexta-feira. Quando estava na segunda parte do treino oficial de sábado, ele quebrou parte da asa dianteira, mas decidiu continuar na pista. Então, o austríaco não conseguiu fazer a curva Villeneuve e foi direto para o muro a 314,9 km/h. A batida causou impacto impressionante, com fraturas múltiplas no piloto, e as câmeras de TV flagraram Ayrton Senna transtornado nos boxes da Williams.
A morte praticamente instantânea de Ratzenberger, um dia depois do grave acidente sofrido por Rubens Barrichello, fez com que Senna tenha pensado em não disputar a prova no domingo. Seu semblante mudou, mas decidiu participar da prova em Ímola. O final, todos sabem.
Roland Ratzenberger foi enterrado em cerimônia que reuniu cerca de 250 pessoas, enquanto a comoção pela morte de Senna foi seguida por milhões. O então presidente da FIA, Max Mosley, compareceu ao funeral do austríaco e dez anos revelou: "Roland foi esquecido. Então eu fui ao seu funeral, porque todos foram ao de Senna. Pensei que era importante alguém ir no dele".
Johnny Herbert, vencedor de três GPs e ex-companheiro de Rubens Barrichello na extinta equip Stewart, lembra com carinho de Ratzenberger. "Eu sempre penso em Roland. Eu sinto a falta dele até hoje. Eu penso nele em certos momentos, particularmente nas corridas europeias. Mônaco é sempre um: no ano anterior de sua morte nós tivemos um ótimo jantar lá - ele estava tentando entrar na F-1. Eu me lembro dele dizendo que ele era o melhor piloto, e eu tinha conseguido um lugar com dinheiro".
"Ele era um bom amigo, e nós conversamos de nossos sonhos por muitos anos. Eu entrei na F-1 antes dele, mas naquela temporada foi ótimo vê-lo. Ele tinha esse rosto muito feliz", falou.
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RATZENBERGER MORREU NA PISTA OU A CAMINHO DO HOSPITAL? HOUVE UMA FARSA PARA O AUTÓDROMO NÃO SER INTERDITADO NO SÁBADO? 

Laudo contradiz o hospital
VALMIR STORTI
DA REDAÇÃO
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO 04/05/1994
O laudo médico divulgado ontem pelo IML de Bolonha define a morte do austríaco Roland Ratzenberg como instantânea.
Essa versão, definitiva, contradiz o laudo divulgado no sábado. De acordo com esse laudo, Ratzenberg teria morrido oito minutos após ter dado entrada no hospital Maggiore.
Se o hospital tivesse informado no sábado que o piloto havia sofrido uma morte instantânea, o autódromo Enzo e Dino Ferrari teria sido interditado.
A corrida não teria acontecido. Nem mesmo o treino classificatório teria prosseguimento. Seriam realizados perícias para definir os motivos do acidente.
O Simtek-Ford nº 32 de Ratzenberg bateu em um muro na curva Villeneuve, no sábado, a 314 km/h, após um pedaço da parte dianteira de seu carro se soltar.
Ele foi colocado no helicóptero como se ainda estivesse vivo.
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A CORRIDA DE DOMINGO SEQUER PODERIA TER ACONTECIDO

Dirigentes omitiram morte de Ratzenberger
FLAVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO 04/05/1994
Os dirigentes da Fórmula 1 omitiram deliberadamente a informação sobre o momento e local da morte do piloto austríaco Roland Ratzenberger, 31, ocorrida sábado nos treinos para o GP de San Marino, em Imola.
O resultado da autópsia realizada ontem no corpo do piloto não deixa dúvidas. Ratzenberger morreu com o impacto de seu carro no muro de concreto da curva Villeneuve, a mais de 300 km/h.
Segundo os médicos, em nenhum momento depois do choque Roland recobrou seus sinais vitais. As massagens cardíacas realizadas ainda na pista não tiveram efeito. Ratzenberger morreu no autódromo –clínica e legalmente, pela legislação italiana.
A FIA e a Foca omitiram essa informação. O corpo do piloto foi embarcado num helicóptero e transferido para o hospital Maggiore, de Bolonha.
O teatro incluiu massagens cardíacas no lado direito do peito de Roland. Oficialmente, ele morreu oito minutos depois de ser hospitalizado. Esse curto espaço de tempo, de certa forma, exime o hospital de uma suposta participação na farsa montada pelos dirigentes.
Oito minutos foi o tempo necessário para remover seu corpo do helicóptero, colocá-lo numa ambulância, levá-lo até a ala de traumatologia e subir de elevador até a unidade de reanimação.
Se fosse declarada sua morte no circuito, a Justiça Italiana interditaria imediatamente o autódromo para a abertura de inquérito.
A morte de Ratzenberger foi "transferida" para o hospital, livrando o GP da ameaça de suspensão. Se não tivesse sido enganada pela FIA e pela Foca, a Justiça da Itália poderia ter impedido a realização da prova que matou Ayrton Senna, 34, e feriu mais dez pessoas. Uma delas, um torcedor atingido por um pneu do carro de Pedro Lamy, está em coma.
(FG)
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`Morte série B' indigna médico
FLAVIO GOMES
DO ENVIADO ESPECIAL
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO 04/05/1994
Os dois legistas que fizeram a autópsia em Ayrton Senna, ontem de manhã, em Bolonha, têm personalidades diversas.
Um deles, Michele Romanelli, é extrovertido, adora o Brasil e costuma passar as férias no Rio. Fala até algumas palavras de português.
O outro, Pierludovico Ricci, é um dos mais importantes legistas do país e também um dos professores mais respeitados de medicina legal do norte da Itália.
Romanelli, 47, é encarregado da formalização dos laudos e relatórios. Ele deve ser o redator final do documento, que estará pronto em no máximo 60 dias.
Ricci, 75, dirige a Escola de Especialidade de Medicina Legal da Universidade de Bolonha e ainda dá aulas. Ontem, depois das duas autópsias realizadas no IML –nos corpos de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna–, foi ao encontro de seus alunos.
Ricci não usa luvas quando trabalha. Os estudantes costumam dizer que ele "não acredita em vírus". Quando chegou à classe, ontem, no próprio prédio do Instituto Médico Legal, estava com as mangas de seu avental ainda sujas de sangue.
O tema da aula foi "ética na medicina". Ele estava indignado com a diferença de comportamento das pessoas com quem conversou nestes dias –todas falando de Senna, nenhuma de Ratzenberger.
"Uma vida é uma vida", proclamou o professor. Para ele, o que se viu em Bolonha foi uma demonstração do que há "uma morte série A e uma morte série B". E pediu aos estudantes que jamais em suas carreiras façam qualquer diferenciação entre pacientes ricos e famosos de outros pobres e desconhecidos.
(FG)
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"ESQUECIDO",  RATZENBERGER INVESTIU TODO O SEU DINHEIRO PARA ENTRAR NA FÓRMULA 1 EM 1994

 Fonte: Pedro Taveira IG São Paulo 30/04/2014


A morte de um tricampeão mundial já seria o suficiente para definir o GP de San Marino de 1994 como o mais trágico da história da Fórmula 1. Mas Ayrton Senna  não foi o único a perder a vida naquele final de semana em Imola. Nome esquecido dos brasileiros, o austríaco Roland Ratzenberger morreu um dia antes, em 30 de abril. E o europeu, realizando o sonho de competir na principal categoria do automobilismo, havia investido todas as suas economias para disputar aquela corrida.
Ratzenberger era um competidor dentro da média, mas arrojado. Quem afirma é o ex-piloto brasileiro Maurizio Sala. Ambos dividiram um carro na tradicional prova das 24 Horas de Le Mans, em 1989, e abandonaram na terceira hora. O reencontro aconteceu no Japão no início da década de 1990, onde os dois competiram no Campeonato Japonês, uma alternativa para os que não conseguiam um lugar na F1.
“Nós vivíamos em uma comunidade lá no Japão, uma espécie de república. O sonho dele era estar na F1, como era o de todos nós. Naquela época era muito comum os pilotos que não conseguiam vaga na F1 correrem no Japão”, explicou Sala ao iG Esporte .
De acordo com o brasileiro, Ratzenberger era um sujeito quieto, mas a convivência entre os dois era amigável. O austríaco, inclusive, chegou a visitar sua casa no Japão. Seu diferencial era a ambição. O desejo de entrar na F1 era tanto que ele economizou todo seu dinheiro para apostar nisso e comprar uma vaga em uma equipe pequena.
“Apesar de a gente ganhar bem lá no Japão, o Roland mantinha um padrão de vida bem simples. Tudo o que ele ganhou, economizou para depois investir naquela corrida”, recorda Sala, que recebeu a notícia da morte do austríaco com maior espanto até do que a do acidente fatal de Senna.
“Me surpreendeu mais porque foi um cara que colocou tudo o que tinha para comprar aquela vaga na F1. O que o Ayrton ganhava em uma corrida nós ganhávamos em dois ou três anos. O Roland foi para o tudo ou nada”, conta o ex-piloto.
Como Senna, Ratzenberger nasceu em 1960. Ao contrário do tricampeão mundial, o austríaco fazia sua estreia na F1 em 1994 na também novata Simtek. Na primeira corrida, no Brasil, o piloto não conseguiu se classificar. Na segunda, em Aida, no Japão, terminou na 11ª colocação.
O GP de San Marino poderia ser a segunda prova de sua carreira. Mas, no dia 30 de abril, uma peça da asa dianteira se soltou de sua Simtek e o carro decolou na curva Villeneuve, se chocando a 315 km/h contra o muro. Laudos da época indicam que a morte foi instantânea devido a uma fratura no crânio. No entanto, a notícia do óbito veio somente no hospital Maggiore, em Bologna. O o mesmo que receberia Senna 24 horas mais tarde.
Em seu funeral compareceram os austríacos Gehard Berger, que também foi ao funeral de Ayrton, e Niki Lauda, além de Max Mosley, então presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo).“Roland havia sido esquecido. Então fui ao seu funeral porque todos foram ao do Senna. Pensei que seria importante alguém ir ao dele”, explicou Mosley em entrevista concedida em 2004.Sala, porém, rebate o ex-presidente da FIA. “Não, ele é esquecido no Brasil porque era desconhecido aqui e teve a morte do Ayrton. Mas no resto do mundo ele ainda é muito lembrado”.Ainda se discute o que teria ocorrido se fosse revelado que Ratzenberger morreu na pista, e não no hospital. Especula-se até que o GP de San Marino seria cancelado, pois a lei italiana determinaria a interdição do autódromo. Fato é que um eventual cancelamento traria um prejuízo milionário para a FIA.


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