Na falta de um piloto alemão na Fórmula 1, os alemães
depositavam a sua torcida em Ayrton Senna. Havia motivo para isso: o piloto
tinha vencido as últimas duas corridas em Hockenheim. Por isso, muitas
bandeiras brasileiras tremulavam pelo circuito. Contando também as vitórias de
Nelson Piquet em 1986 e 1987, eram quatro anos consecutivos de vitórias
brasileiras no GP da Alemanha. Ayrton queria aumentar essa estatística.Todo o
carinho foi um bom incentivo para Ayrton Senna. Durante os treinos, foi
imbatível e conquistou a pole position, seguido por seu companheiro de equipe
Gerhard Berger, 0s236 mais lento. Atrás deles, as Ferrari de Alain Prost e
Nigel Mansell. Essa foi a pole número 47 na carreira de Ayrton. A conquista
ainda veio com direito ao novo recorde de pole position em Hockenheim,
1min40s198, superando a volta feita por Keke Rosberg em 1986, que era de
1min42s013.O campeonato tinha Alain Prost, da Ferrari, na liderança. A vantagem
para Senna era de apenas dois pontos, mas as duas vitórias do francês nos GPs
anteriores (Inglaterra e França), criaram uma certa dúvida com relação ao
rendimento da McLaren no prosseguimento da temporada. Ayrton vinha de dois
terceiros lugares e precisava da vitória para retomar a ponta no
campeonato.“Sem dúvida, a falta de sorte tem sido constante nas últimas
corridas, mas não posso me abater ou achar que o campeonato já está decidido.
Ao contrário, estou confiante que, daqui para a frente a sorte vai mudar”,
disse Ayrton aos jornalistas antes da prova.Na largada, Ayrton manteve a ponta
com tranquilidade. Berger até tentou dar um pulo na primeira curva para brigar
pela posição, mas retirou a sua McLaren da posição de ataque assim que percebeu
que não havia espaço. Apesar de uma confusão no final do grid, a largada foi
válida e os pilotos completaram a primeira volta passando pela reta dos boxes
em bandeira amarela.Com as primeiras posições sendo mantidas, as equipes
iniciaram a briga por posições nas estratégias de box, já que a maioria do grid
largou com pneus macios e que não aguentariam até o final da corrida. As
Benetton de Nannini e Piquet foram dois carros que iniciaram a prova com os
compostos mais duros, mas Nelson sofreu com a explosão do seu motor Ford.
Líder da corrida, Senna parou na volta 17, depois que
Berger já havia feito a sua parada. A troca de pneus pelos compostos mais duros
foi perfeita: 6s22, e Senna voltou para a pista em segundo lugar, atrás apenas
de Naninni, que vinha numa estratégia diferente, com pneus duros, na
expectativa de não fazer pits.Prost demorou nos boxes e Mansell deu uma
passeada na brita antes de ir para o pit, perdendo posição para Nannini, novo
líder e o único que não parou dos seis primeiros. O “Leão” teve que abandonar a
prova por causa de um problema na suspensão após a sua saída de pista.Ao
retornar dos boxes, Senna viu-se colado em Nannini, que largou apenas em nono
lugar, mas que não pararia durante as 45 voltas. Sem cometer nenhum tipo de
afobação, o brasileiro esperou o melhor momento, na volta 34, para tomar a ponta
na freada da terceira chicane.Ayrton voltou à ponta e emplacou a terceira
vitória consecutiva na Alemanha, propiciando aos seus alegres fãs mais um
motivo para festejar com o tradicional chope nacional. O pódio foi completado
por Nannini e Berger. Prost foi apenas o quarto.Essa foi a 24ª vitória do
campeão, igualando ao número de Juan Manuel Fangio, pentacampeão mundial de
F-1. O brasileiro ainda retomou a liderança do campeonato, colocando quatro
pontos de vantagem para Prost (48 a 44). Era a quinta vitória consecutiva do
Brasil em solo alemão. A corrida seguinte estava marcada para a Hungria, duas
semanas depois.Ao final do pódio, Ayrton Senna recebeu uma triste notícia no
motorhome da McLaren. Seu fiel amigo e empresário Armando Botelho falecera
quando o piloto dava a volta da vitória em Hockenheim.Com um misto de
sensações, Senna conversou com os jornalistas após a prova. “A gente conseguiu
uma bela vitória, importantíssima para o campeonato, embora esta seja uma pista
favorável para McLaren”. E continuou em seu discurso, especialmente em
português para os seus compatriotas. “Tivemos problemas com o chassi e as
próximas corridas serão muito difíceis. Na Hungria é duríssima (a prova), mas
se as mudanças que estão sendo estudadas – alguns desenhos novos que estão
sendo feitos para modificar o carro aerodinamicamente -, a gente vai ter
chances no campeonato”, acrescentou.Senna destacou ainda que estas mudanças
visam acertar melhor o chassi especialmente para circuitos sinuosos como
Hungria, Portugal e Espanha. “Vai ser uma luta tremenda nesta segunda metade do
campeonato e o equilíbrio dos chassis será fundamental”, salientou.
Fonte: História de Ayrton Senna http://www.ayrtonsenna.com.br/piloto/
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