Fonte: Pedro Taveira IG 30/04/2014
Ex-piloto e colega de Ayrton no grupo "Atletas de
Cristo", Alex Dias Ribeiro conta como ajudou a convencer tricampeão a não
deixar principal categoria do automobilismo
Ayrton Senna era um homem religioso e não fazia questão
de esconder isso. Em inúmeras ocasiões, atribuiu a Deus o mérito por suas
conquistas na Fórmula 1. Isso não impediu, porém, a rixa com Alain Prost, que
em duas vezes terminou em acidentes. Ou ainda a desavença com Jean-Marie
Balestre, ex-presidente da FIA (Federação de Automobilismo), que quase acabou
com sua carreira na principal categoria do automobilismo.
O caso aconteceu antes da temporada de 1990 da F1. No final do ano anterior,
Senna ficou revoltado com a decisão de Balestre de desclassificá-lo do GP do
Japão, em Suzuka, após uma batida com Prost. O resultado deu o título do
campeonato ao francês e o brasileiro não economizou na hora de disparar
críticas ao dirigente. “O Alain Prost provocou aquele acidente porque, se os
dois marcassem zero ponto naquela corrida, o Prost seria campeão do mundo. Só
que o Ayrton conseguiu voltar e venceu. Com isso, o campeonato estava na mão
dele. E aí o Balestre roubou. Roubou mesmo, o desclassificou de forma injusta
alegando que ele cortou a chicane. Ele não cortou a chicane. Ele tinha tido um
acidente e usou a área de escape pra sair e voltar para a pista de um modo
seguro, não podia dar ré. Mas o Balestre interpretou a lei de outra maneira e
desclassificou o Ayrton dessa corrida”, relembrou ao iG Esporte Alex Dias Ribeiro,
ex-piloto e amigo de Senna. Ribeiro ficou próximo de Ayrton quando o
tricampeão, ainda em início de carreira, se juntou ao grupo “Atletas de
Cristo”. Condição que foi mantida em segredo nos primeiros meses, eles
conversaram sobre Deus durante anos e Senna o tratava como uma espécie de
conselheiro. E foi assim que sobrou para Alex a missão de convencer um
orgulhoso piloto a pedir desculpas a Balestre para salvar sua carreira.
“O Senna ficou inconformado e botou a boca no mundo.
Disse que foi roubado e aí o cara (Balestre) considerou isso desacato a
autoridade e deu um gancho pra ele, suspendeu”, contou Ribeiro.
“Só que a opinião pública voltou-se contra o Balestre de
forma clamorosa e aí ele providenciou uma saída ‘honrosa’. Disse que se o
Ayrton se retratasse pelo desacato, ele revogaria a sentença da suspensão dele
para poder disputar o campeonato. E tinha um prazo pra isso, o prazo de
inscrição do campeonato”, prosseguiu Alex.
Só que Senna estava irredutível. “Não vou pedir perdão
porque o que fizeram comigo é errado”, ele dizia. Até Nuno Cobra, então
preparador físico do piloto, ligou desesperado para Ribeiro pedindo que ele
conversasse com Ayrton.
“Eu sugeri fazer uma carta dizendo que ele realmente acha
que era injusta a punição, que mantinha a opinião dele da injustiça, porém que
se retratava de ter desacatado a autoridade. Só isso. E ele falou pra mim: ‘mas
onde é que fica minha dignidade ?’ E eu pra ele: ‘onde é que ficou a dignidade
de Jesus quando pregaram ele em uma cruz?’. Aí ele virou e disse: ‘mas eu não
sou Cristo, pô!”, afirmou Ribeiro.
Como revelou Emerson Fittipaldi ao iG Esporte , a ideia de correr
na Fórmula Indy estava na cabeça de
Ayrton. E essa foi uma saída cogitada pelo piloto para não ter que se desculpar
com Balestre.
“Eu falei: ‘o que você vai fazer se não for correr de
automóvel? Você faz bem isso, é sua profissão’. Ele disse: ‘eu vou pra Fórmula
Indy’. Aí eu: ‘mas correr de Fórmula Indy é andar para trás para quem é campeão
do mundo de F1’. Passou e ele acabou se entendendo lá com o Balestre. Não sei
como é que foram os termos da conversa, mas ele levou a encrenca até a última
hora, até o último minuto”, disse Ribeiro.
Vingança na mesma Suzuka
No final da temporada de 1990, Senna conseguiu sua
vingança contra Prost. No mesmo GP do Japão, desta vez era o brasileiro quem
ficaria com o título se nenhum dos dois pontuasse. E, para conquistar o
bicampeonato, Ayrton não hesitou: jogou sua McLaren para cima da Ferrari do francês
e ambos abandonaram a prova na primeira curva.
“Eu falei que não era legal ele ser um cristão e ter essa
atitude beligerante com o adversário dele, no caso o Prost. E eu falava que
isso não estava certo. Mas ele também tinha um senso de justiça muito grande e
não se conformava com a bandalheira que era. Então, já que os caras não faziam
justiça, ele fazia justiça com as próprias mãos”, explicou Ribeiro.
“Ele provocou o acidente no ano seguinte. E foi tão
gritante o gesto dele que os caras não tiveram nenhuma moral de puni-lo. Porque
punir ele ali seria ter que rever a punição que ele sofreu no ano anterior”,
contou Alex.E, mesmo com essas atitudes, Ribeiro disse que não via Senna como
uma pessoa teimosa. Em sua opinião, Ayrton era um homem muito dedicado e
totalmente comprometido com sua profissão. E um péssimo perdedor.“Era muito
fissurado no que ele fazia, com a busca da excelência, de se superar, ganhar
tudo. Era um atleta nota dez, não media esforços. E era um péssimo perdedor
(risos). O segundo lugar para ele não servia, só o primeiro”, finalizou Alex.
https://esporte.ig.com.br/automobilismo/2014-04-30/religioso-senna-quase-largou-f1-apos-briga-com-ex-presidente-da-fia-em-1990.html
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era um
homem religioso e não fazia questão de esconder isso. Em inúmeras
ocasiões, atribuiu a Deus o mérito por suas conquistas na Fórmula 1.
Isso não impediu, porém, a rixa com Alain Prost, que em duas vezes
terminou em acidentes. Ou ainda a desavença com Jean-Marie Balestre,
ex-presidente da FIA (Federação de Automobilismo), que quase acabou com
sua carreira na principal categoria do automobilismo.
O
caso aconteceu antes da temporada de 1990 da F1. No final do ano
anterior, Senna ficou revoltado com a decisão de Balestre de
desclassificá-lo do GP do Japão, em Suzuka, após uma batida com Prost. O
resultado deu o título do campeonato ao francês e o brasileiro não
economizou na hora de disparar críticas ao dirigente.Fonte: Esporte - iG @ https://esporte.ig.com.br/automobilismo/2014-04-30/religioso-senna-quase-largou-f1-apos-briga-com-ex-presidente-da-fia-em-1990.html
era um
homem religioso e não fazia questão de esconder isso. Em inúmeras
ocasiões, atribuiu a Deus o mérito por suas conquistas na Fórmula 1.
Isso não impediu, porém, a rixa com Alain Prost, que em duas vezes
terminou em acidentes. Ou ainda a desavença com Jean-Marie Balestre,
ex-presidente da FIA (Federação de Automobilismo), que quase acabou com
sua carreira na principal categoria do automobilismo.
O
caso aconteceu antes da temporada de 1990 da F1. No final do ano
anterior, Senna ficou revoltado com a decisão de Balestre de
desclassificá-lo do GP do Japão, em Suzuka, após uma batida com Prost. O
resultado deu o título do campeonato ao francês e o brasileiro não
economizou na hora de disparar críticas ao dirigente.Fonte: Esporte - iG @ https://esporte.ig.com.br/automobilismo/2014-04-30/religioso-senna-quase-largou-f1-apos-briga-com-ex-presidente-da-fia-em-1990.h
A TEMPORADA DE 1990 DA FÓRMULA 1
Em 1990 , no mesmo circuito e com os dois
pilotos novamente disputando o título mundial, Senna tirou a pole de
Prost. A Ferrari de Prost fez uma largada melhor e pulou à frente da McLaren de
Senna, que antes mesmo da largada havia declarado que não permitiria uma
ultrapassagem de Prost. Na primeira curva, Senna tocou a roda traseira de sua
McLaren na Ferrari de Alain Prost a 270 km/h (170 mph), levando os dois carros
para fora da pista. Ao contrário do ano anterior, desta vez o abandono dos
pilotos deu a Senna o seu segundo título mundial. A temporada também reservou um momento
inusitado na história da Fórmula 1. Em setembro daquele ano, durante o GP de
Monza, na Itália, Senna fez uma aposta com o chefe de equipe Ron Dennis. O
chefe da McLaren não acreditava na vitória de Ayrton dentro da casa da Ferrari.
O brasileiro decidiu propor uma aposta com Ron: caso conseguisse a vitória, ele
ganharia o carro do triunfo de presente. Além de ter vencido a corrida, Senna
fez a pole position, marcou a volta mais rápida da prova e liderou de ponta a
ponta, sem dar chances para a Ferrari de Alain Prost, seu rival na disputa pelo
título daquela temporada, que terminou na segunda colocação. A McLaren foi recebida
pela família do piloto e hoje faz parte do acervo do Instituto Ayrton Senna
Wikipedia .......................................................................................................................................................................................
SENNA UM HERÓI E SEUS ENIGMAS. SENNA CONFIRMA PARTICIPAÇÃO NA TEMPORADA DE 1990 APÓS DESENTENDIMENTO COM BALESTRE
Em fevereiro de 1990, Ayrton Senna foi capa da Revista Veja,
onde o principal assunto era a sua confirmação para disputar a
temporada daquele ano após as discussões políticas com os cartolas da
F-1. Depois da polêmica decisão do Campeonato Mundial de 1989, onde
Alain Prost foi declarado campeão após a manobra de Jean-Marie Balestre
para excluir Ayrton Senna do GP do Japão, o piloto brasileiro viveu
dias difíceis nas férias e durante a pré-temporada daquele que viria a
ser o ano do seu segundo título mundial.
A matéria com sete
páginas aproveita algumas declarações de pessoas próximas a Senna para
tentar estabelecer um perfil do piloto brasileiro. O piloto Nigel
Mansell, o narrador Galvão Bueno, a irmã Viviane Senna, o ex-piloto
Jackie Stewart, o mecânico Tchê e o empresário Braguinha foram alguns
dos entrevistados que citaram algumas das características marcantes do
piloto.
CARTAS DE SENNA
Numa carta escrita em inglês, o piloto brasileiro
voltou atrás nas acusações de manipulação em favor do campeão, o
francês Alain Prost, que fizera à Fisa no final do campeonato do ano
passado, gerando os violentos atritos com Balestre que quase o tiraram
temporariamente das pistas. “Durante a reunião do Conselho Mundial da
Fisa que teve lugar em dezembro do ano passado ouvi declarações e
testemunhos de diversas pessoas, e deles pode-se concluir que nenhum
grupo de pressão ou o presidente da Fisa influenciaram nas decisões
relativas aos resultados do Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 1989”,
escreveu Senna, satisfazendo a exigência de retratação pública feita por
Balestre e colocando fim pelo menos por enquanto à guerra de nervos que
travou com a Fisa.
RESPOSTA DE BALESTRE
Balestre fez questão de divulgar com estardalhaço
a carta de Senna. No comunicado oficial do começo da tarde, que
colocava Senna ainda em situação irregular, Balestre se justificou. “Em
nenhum momento exigi que Senna se humilhasse”, escreveu o cartola.
“Simplesmente pedi a ele que reconhecesse o fato de estar mal
informado.” Os momentos finais da batalha foram de alta tensão. O mundo
da velocidade dormiu na quinta-feira passada sem saber se Senna
cumpriria as exigências de Balestre. Durante pelo menos duas horas
acreditou-se que o brasileiro estava fora do campeonato. Quando o
cabo-de-guerra pareceu arrebentar pelo lado do piloto, a roda-viva
milionária da Fórmula 1 entrou em cena numa ação fulminante. Os
japoneses fabricantes do motor Honda da McLaren, que só no ano passado
gastaram 400 milhões de dólares na Fórmula 1, avisaram ao chefe da
equipe McLaren, Ron Dennis, que não queriam correr o menor risco de dois
turrões atrapalharem seu negócio.
IMAGEM PÚBLICA
Senna sempre cuidou de revestir a vida e a
carreira de muita publicidade, mas sempre uma publicidade em que ele
mantém estrito controle sobre tudo. Suas respostas a perguntas diretas
são sempre evasivas e sugerem algo mais do que foi dito. Quando se
encontra no Brasil ele está sempre fugindo, se escondendo na casa dos
pais, na fazenda ou na casa de conhecidos. Poucos são seus amigos
íntimos e na casa dos pais, em São Paulo, ainda divide o mesmo quarto
com o irmão menor. “Agora estou pensando em comprar um apartamento para
ficar quando vier ao Brasil”, diz Senna. Na Fórmula 1, um ambiente em
que é difícil fazer amigos e fácil perdê-los, Senna perdeu quase todos.
De toda a caravana de equipes com mecânicos e pilotos, somente um deles,
Thierry Boutsen, da Williams, mantém com Senna relações sociais mais
constantes. Desde 1985 eles regularmente viajam juntos durante as
férias.
AYRTON POR VIVIANE
– “O Ayrton sabe que sua imagem é forte e que
cativa as pessoas”, diz Viviane Lalli, 32 anos, psicóloga, irmã do
piloto e mãe de Bianca, 10 anos, Bruno, 6 anos, e Paula, de 4,
companheiros constantes de Ayrton Senna quando ele está no Brasil. “Ele
tem uma carinha de cachorro vira-lata, um rosto que sugere afeto e
bondade e que cativa os corações.” Viviane conta que nas épocas em que
Senna está mal no campeonato ou que enfrenta problemas de saúde – como
quando teve uma paralisia facial há três anos – ele recebe dezenas de
cartas de apoio. “É engraçado, mas a maioria das cartas é de mães que
dispensam a ele o mesmo carinho que a um filho”, diz Viviane. Ele
recorre sempre à irmã quando está em dificuldades. Por acaso ela estava a
seu lado no motor-home da McLaren quando Senna soube da morte de
Armando Botelho. “Ele chorou copiosamente, depois foi para Mônaco e
passou dias de luto sentindo muito a morte do amigo”, conta Viviane.
“Sinto que meu irmão não se contenta em ser piloto, apenas ele quer mais
alguma coisa, sempre quer mais alguma coisa.”
Senna por Galvão Bueno
“A melhor definição do Ayrton quem me deu foi o
jornalista português Domingos Piedade, que cobre a Fórmula 1”, diz
Galvão Bueno, locutor da Rede Globo. “Ele disse que o Ayrton é um ET, um
ser de outro planeta cuja dedicação ao trabalho não é igualada por
nenhum outro piloto.” Na definição de Piedade, “Ayrton trabalha 24 horas
por dia, e Prost só perde para ele porque trabalha dezessete e dorme as
outras sete”. Não é fácil o convívio com o piloto brasileiro. “Ele
escuta mas não ouve”, diz Galvão Bueno. “E se desliga com a maior
facilidade quando o assunto não lhe interessa.” E o mais frequente é os
assuntos dos mortais comuns não lhe interessarem. “Conversa com ele tem
que falar sobre motores e carros, senão não engrena”, diz Lucio Pascual
Gascon, o “Tché”, um espanhol de 53 anos que montou o primeiro motor
para Senna, um Parrilla italiano que ele guarda em sua oficina
paulistana até hoje. Numa carta enviada ao Tché, da Inglaterra, nos seus
tempos de Fórmula Ford, só há algumas palavras compreensíveis aos não
entendidos – no restante Senna só fala de bielas, chassis, eixos,
potências e pneus.
http://www.ayrtonsenna.com.br/senna-um-heroi-e-seu-enigmas-uma-materia-historica-em-1990/
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BALESTRE RECONHECE QUE ROUBOU VITÓRIA DE AYRTON SENNA PARA FAVORECER ALAIN PROST EM SUZUKA 1990
Balestre devolve título surrupiado de Senna
BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO 08/11/1996
Que Jean-Marie Balestre não passa de um canalha, nenhum amante do automobilismo tinha a menor dúvida.
Mas, depois de sua declaração, terça-feira, em Paris, de que ele teria usado de sua autoridade suprema para desclassificar Ayrton Senna do GP de Suzuka de 1989 a fim de "dar uma mãozinha" a seu conterrâneo, o francês Alain Prost, que acabou levando o título mundial da temporada, chamar o ex-presidente da Fisa de porco imundo passa a ser considerado ofensa grave contra qualquer suíno.
Pior do que a trapaça que acaba de vir à tona, são os motivos obscuros que levaram Jean-Marie Balestre a revelar publicamente a tramóia.
Eu explico: o "board" da antiga Fisa, hoje FIA, entidade que comanda o esporte no mundo, é composto por representantes de todos os países que promovem competições internacionais. Trata-se de uma entidade da máxima seriedade, cuja estrutura não permite que um dirigente possa armar uma tramóia dessa magnitude e ficar tudo por isso mesmo.
Na minha modestíssima opinião, são três os motivos que podem ter levado Balestre a fazer a surpreendente revelação: ele estava com saudades das páginas dos jornais, quer denegrir a FIA ou então brigou com Alain Prost.
Sim, pois, na prática, o que Balestre fez foi manchar de forma irremediável o currículo de seu amiguinho piloto. De agora em diante, os quatro títulos de Alain Prost passam a ter o mesmo valor que os três de Ayrton Senna.
Claro, qualquer um que tenha tido o privilégio de assistir a um Grande Prêmio com chuva disputado por Prost e Senna sabe quem era o melhor piloto entre os dois.
Dava até pena ver Prost escorregando na caixa de brita ou enchendo o guard-rail enquanto Ayrton voava para a vitória. E, com carros iguais, Senna sempre mostrou mais braço nos treinos.
Mas Prost detém o recorde de vitórias e só Fangio tem mais títulos do que ele.
Balestre também tem lá seus méritos. Entrou para a história por ter criado regras que tornaram a F-1 mais segura.
Enquanto isso, Ayrton teve de pedir desculpas públicas ao dirigente para poder correr na temporada seguinte. E não está aqui agora para confirmar que, moralmente, foi o campeão mundial de 1989.
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