quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Senna entrevista ao Jornal Nacional antes do GP Brasil. 1º dia de treinos livres para o GP Brasil Interlagos 1994

 ENTREVISTA DE SENNA AO JORNAL NACIONAL ANTES DO GP BRASIL 1994. ELE FALA DO DESAFIO QUE TERÁ PELA FRENTE


Ayrton Senna:” É uma mudança radical na minha carreira, necessária para renovar a minha motivação, fundamental na carreira de um piloto de Fórmula 1, sobretudo depois de vários anos de competição. É o que eu procurei, finalmente eu consegui, e agora começa o trabalho propriamente dito, nas pistas, e vai ser um trabalho de muito empenho, não só meu como de toda equipe pra gente conseguir realmente extrair todo nosso potencial e é o que eu estou esperando. Eu não estou esperando a próxima hora ou o próximo dia, eu tô esperando as coisas fluírem naturalmente  e a gente poder trabalhar. É mais um desafio, não necessariamente um sonho mas um novo desafio poder fazer parte de uma nova equipe, integrar essa nova equipe  com todos os seus técnicos, engenheiros e meu patrocinador, meus fornecedores de motor, tudo novo e você| tem que aprender tudo sobre eles num tempo relativamente curto , antes do GP Brasil  e esse é, na minha opinião, o maior desafio. Depois, o campeonato em si, vai ser uma coisa natural , quem fizer o melhor trabalho , quem conseguir se adaptar melhor ao novo regulamento, desenvolver ao longo da temporada de 1994 , vai ser o vencedor final"
https://www.youtube.com/watch?v=INZUZ15VZOs

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Senna é o mais veloz no 1º treino
FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO 26/03/1994
Senna é o mais veloz no 1.º treino
Brasileiro reclama das ondulações de Interlagos, mas leva seu Williams à pole provisória
Era tão óbvio que não teve nem graça. Ayrton Senna confirmou todas as previsões e fez ontem a pole provisória para o GP Brasil de Fórmula 1, prova que abre a temporada amanhã em Interlagos.
Nem o duelo de mentirinha com Michael Schumacher, da Benetton, entusiasmou. O brasileiro não se esforçou muito. Deu a impressão de que poderia bater o alemão quando bem entendesse.
Foi assim no treino oficial que delineou o futuro do campeonato. Michael chegou a manter a pole por nove minutos. Fez sua melhor volta em 1min16s575 e ficou com a vã esperança de que poderia superar Senna.
A alegria durou pouco. Em sua quarta volta rápida, Ayrton cravou 1min16s386 e mostrou, no final da sessão, que se fosse preciso andaria mais rápido, completando duas voltas na casa de 1min16s.
Pela manhã, o piloto da Williams foi ainda mais veloz, com 1min16s201. O calor da tarde, porém, deixou os carros mais lentos.
Senna não esbanjou otimismo. Considerou o resultado "bom, mas não ótimo". Seu maior problema foi a falta de conforto dentro do cockpit, causado principalmente pelas ondulações do asfalto de Interlagos.
Com alguns ajustes, ele espera superar as dificuldades hoje. "Um acerto de aerodinâmica e suspensão vai tornar o carro mais suave nas curvas para que eu possa percorrê-las em maior velocidade", explicou. Todos os pilotos estão sofrendo com as ondulações do circuito paulistano, especialmente aqueles que até o ano passado usavam suspensão ativa –um equipamento que atenua os efeitos de pistas irregulares mantendo o carro sempre a uma altura constante do solo. A engenhoca eletrônica foi proibida nesta temporada.
O primeiro treino do ano aconteceu com pista seca e sol, temperatura de 27 graus. Há possibilidade de chuva hoje e, se isso acontecer, o grid para a corrida de amanhã será formado com os tempos de ontem porque ninguém melhora desempenho com pista molhada.
Senna ainda não pensou na possibilidade. "Se chover ninguém pode checar nada, não vai dar para ter certeza se o carro melhorou com as modificações. Por outro lado assegura a pole (que seria a 63ª de sua carreira). Nunca andei com esse carro na chuva e é tudo uma interrogação", falou.
Ayrton achou a performance do Williams FW16 "previsível". "Eu tinha um pouco de receio de que numa pista ondulada o comportamento do carro não fosse tão bom de imediato", disse. Essa talvez seja a explicação para a pequena diferença em relação a Schumacher, apenas 0s189. Depreende-se que em circuitos mais lisos e regulares, como Barcelona e Magny-Cours, por exemplo, haverá um abismo de tempos entre ele e os adversários.
Um que poderia atrapalhar Senna era seu companheiro Damon Hill. O inglês, porém, começou o ano com o pé esquerdo. Antes da primeira parte do treino matinal seu extintor de incêndio disparou.
Quando conseguiu sair dos boxes, o motor de seu carro "apagou" por um problema elétrico. Resultado: só foi andar na sessão oficial. "Tive que lembrar de uma pista onde pilotei um ano atrás", reclamou. Ficou com o sétimo tempo, mas melhora hoje.
Nas demais posições do grid provisório não houve surpresas. A Ferrari conseguiu um bom terceiro lugar com Jean Alesi, a McLaren se viu relegada à nova condição de time intermediário –com Mika Hakkinen em quinto e Martin Brundle em 12º– e a Sauber confirmou que é candidata à terceira força do Mundial, com Karl Wendlinger em quarto e Heinz-Harald Frentzen em sexto.
Os brasileiros fizeram um treino razoável –Christian Fittipaldi, da Arrows, em nono, e Rubens Barrichello, da Jordan, em décimo. As equipes estreantes Pacific e Simtek fracassaram, ficando nas últimas posições. O treino que define o grid acontece hoje das 13h às 14h. Antes, a partir das 9h30, será realizado o segundo treino livre.
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Schumacher não assusta Williams
DA REPORTAGEM LOCAL
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO 26/03/1994
O segundo lugar de Michael Schumacher não assusta Senna. "Eles estão andando forte, mas isso foi numa volta rápida. Precisa ver como é que vai ser na corrida, se eles podem manter esse ritmo."
Ayrton disse que a Williams ainda não traçou uma estratégia para as paradas para reabastecimento. "Só depois do segundo treino, com mais informação, a gente vai saber alguma coisa."
A Folha apurou que a Williams planeja fazer dois pit stops. Senna falou que essa decisão pode ser adiada até o último instante. "Vai depender do equilíbrio do carro, do ritmo que a gente possa impor e do que os outros possam fazer."
O tempo conseguido pelo brasileiro ontem está distante da marca obtida por Alain Prost, pole no GP Brasil de 93 com 1min15s866. O recorde da pista em treinos pertence a Nigel Mansell, 1min15s703, estabelecido em 92.(FG)
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Schumacher fala em tirar a pole de Senna
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO 26/03/1994
Michael Schumacher se entusiasmou com o desempenho de seu Benetton, ontem em Interagos. Conseguiu o segundo melhor tempo no treino livre da manhã e chegou a superar Ayrton Senna por gloriosos dez minutos, durante o oficial, à tarde, fazendo o tempo de 1min16s575.
Animado, o alemão chegou aos boxes falando sobre pole no treino oficial de hoje, quando acontece a definição do grid. Mas Schumacher sabe que seu rival brasileiro não chegou nem perto do limite do seu Williams.
Isso ficou claro para o alemão nas tomadas de tempo oficiais. Logo no início da sessão, baixou em mais de um segundo da primeira para segunda volta (1min18s217 contra 1min17s122).
Na quarta passada, marcou seu melhor tempo do dia, único abaixo de 1min17s além do de Senna, superando seu tempo da manhã, 1min17s168.
Mas Senna, dez minutos depois, acordou o alemão de seu sonho dourado, marcando 1min16s386, a pole provisória. Ficou claro que o piloto da Williams correu apenas para superar Schumacher. Seu tempo anterior à pole foi de 1min16s960. Quando conseguiu, foi para os boxes.
A Benetton tentou mais uma vez, no final da sessão. Mas em vão. Schumacher ficou muito feliz com o desempenho do novo motor Ford que utiliza.
Além de acertos de chassis, Schumacher teve um pequeno problema, logo sanado. Sua embreagem não estava 100% devido a baixa pressão do óleo do sistema. "Sei que posso melhorar. Já sabemos que direção seguir, pelo menos", afirmou.
Seu companheiro de equipe, Jos Verstappen, rodou de manhã e teve que trocar o assoalho de sua Benetton. À tarde, conhecendo mais o circuito, achou que poderia tentar o quinto ou sexto posto. "Mas o carro saiu muito de traseira", reclamou. Acabou ficando no 11º posto, com 1min18s787.
Verstappen espera melhorar sua marca na definiação do grid, hoje. E sabe que o carro tem condições de lutar pelo segundo posto no Mundial de construtores –Schumacher provou isso nos treinos de ontem.
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Reabastecimento muda tática das equipes
FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO 26/03/1994
Com a volta do reabastecimento de combustível à F-1, todos os pilotos, este ano, vão fazer troca de pneus durante as corridas. O pit stop, que não é obrigatório, já é usado há bastante tempo como parte da estratégia para se conseguir um bom resultado. Equipes de carros rápidos, que podem se dar ao luxo de perder tempo numa parada, não abrem mão de usar pneus novos no final dos GPs. Times menores, muitas vezes, abriam mão do recurso para ganhar algumas posições enquanto os adversários faziam suas trocas.
Foi assim que Christian Fittipaldi conseguiu alguns pontinhos no ano passado, correndo pela Minardi. Agora as coisas serão diferentes. Ninguém vai acabar uma prova com os mesmos quatro pneus que começou. É bobagem não aproveitar a parada para reabastecimento sem trocar os pneus.
A borracha dos compostos usados na F-1 se desgasta rápido e com pneus em más condições um piloto mal consegue fazer as curvas. Dependendo da pista –mais ou menos abrasiva–, é preciso mais do que uma troca de pneus. Até o ano passado, o desgaste era mais crítico no início das corridas por causa do peso dos carros, que largavam com tanques cheios, cerca de 200 litros de gasolina. Agora todos devem largar com 60 ou 70 litros. Ninguém vai arriscar uma corrida sem parada para colocar gasolina, porque iniciando a prova de tanque cheio o piloto perde o contato com os carros mais leves.
A troca de pneus na F-1 é muito rápida. A Ferrari já efetuou pit stops em menos de cinco segundos. Só na troca trabalham pelo menos 15 pessoas (veja quadro acima). Dependendo da quantidade de combustível, a pressa não será mais tão necessária. O equipamento de reabastecimento fornecido pela FIA leva 10 segundos para colocar 120 litros no tanque.(FG) 
 PILOTO
Ayrton Senna (BRA)  Williams/Renault 1min16s386
Michael Schumacher (ALE) Benetton Ford 1min16s575
Jean Alesi (FRA) Ferrari 1min17s772
Karl Wendlinger (AUT) Sauber/Mercedes 1min17s982
Mika Hakkinen (FIN) McLaren/Peugeot 1min18s122
Heinz-Harold Frentzen (ALE) Sauber/Mercedes 1min18s144
Damon Hill (ING) Williams/Renault 1min18s270
Pierluigi Martini (ITA)
Christian Fittipaldi (BRA)
Rubens Barrichello (BRA)
Jos Verstappen (HOL)
Martin Brundle (ING)
Gerhard Berger (AUT)
Gianni Morbidelli (ITA)
Eric Comas (FRA)
Mark Blundell (ING)
Eddie Irvine (IRL)
Olivier Panis (FRA)
Eric Bernard (FRA)
Michelle Alboreto (ITA)
Ukio Katayama (JAP)
Johnny Herbert (ING)
Olivier Beretta (MON)
Pedro Lamy (POR)
David Brabham (AUS)
Bertrand Gachot (FRA)
Roland Ratzenberger (AUT)

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