Após quatro
vitórias em cinco corridas na temporada de 1991, Ayrton Senna desembarcava no
México para tentar manter a boa margem de pontos na liderança do campeonato.
Ayrton tinha 40 pontos e o segundo colocado, Nelson Piquet, somava apenas 16,
naquele que era considerado o melhor início de ano de Senna na F-1.Na
sexta-feira, durante a primeira sessão do treino, Ayrton Senna levou um grande
susto, como ele mesmo relatou depois de parar na caixa de brita da curva
Peraltada com a sua McLaren virada de ponta-cabeça:“Foram minutos de terror. Eu
estava preso entre as ferragens da McLaren de cabeça para baixo. Sentia pânico
só de lembrar que a gasolina derramada nas minhas costas poderia pegar fogo. Eu
estava exprimido, não havia espaço para me mexer e tinha dificuldades para
respirar. Foi um esforço enorme tirar o volante e os cintos para sair debaixo
do carro como um tatu sai da toca.” Ayrton
Senna ofegava enquanto relatava o episódio do acidente ocorrido. Revivia os
momentos de tensão enquanto contava em detalhes cada manobra feita antes da
capotagem.“Eu
entrei rapidíssimo na curva, o carro tocou numa ondulação e, como estava
reduzindo de sexta para quinta marcha, só tinha a mão esquerda no volante. Não
pude controlar a situação. Voei, rodei e capotei” A preocupação dos fãs de
Ayrton era grande não apenas pela escapada de pista no México, mas também pelo
incidente que ocorreu poucos dias antes no Brasil, quando Senna foi ferido com um
corte na cabeça após ter perdido o controle do seu jet ski em Angra dos Reis.
Nos dois casos, o brasileiro teve o acompanhamento do médico da F-1, o Dr. Sid
Watkins, responsável por liberar Senna para correr no domingo.No sábado, o
brasileiro ficou com o terceiro lugar no grid. Sua melhor volta no treino
classificatório foi realizada em 1min17s264, 0s568 acima da pole position de
Riccardo Patrese, da Williams. A equipe ainda fez a dobradinha com Nigel
Mansell largando ao lado do italiano. Ayrton, por sua vez, teve Jean Alesi, da
Ferrari, ao seu lado na segunda fila. Já era nítida a evolução do time de Frank
Williams naquela temporada – em 1992, seriam imbatíveis.No domingo, a largada
foi bastante confusa. Os pilotos precisaram dar três voltas de apresentação e
somente na terceira vez em que os carros alinharam no grid a direção de prova
decidiu dar bandeira verde.O francês Jean Alesi foi quem tracionou melhor. O
piloto da Ferrari pulou de quarto para segundo após a primeira curva, com Senna
se mantendo em terceiro e Nigel Mansell segurando a primeira colocação. Patrese
largou mal e caiu para o quarto lugar.No final da volta 3, a primeira com
bandeira verde, Ayrton colou na traseira de Alesi no final da Peraltada, pegou
o vácuo e concluiu a ultrapassagem no meio da reta. O francês ainda tentou
voltar para o segundo lugar, mas Senna fechou a porta em uma bela manobra.Na
volta seguinte, Patrese armou o mesmo bote de Senna para ultrapassar a Ferrari.
Com mais velocidade na reta, o italiano também colocou por dentro e tomou o
terceiro lugar de Alesi. Ao final da volta 5, Gerhard Berger, companheiro de
Senna e quinto no grid de largada, viu seu motor Honda explodir na reta
principal.Com as bandeiras amarelas agitadas no trecho, Senna pôde ter um
respiro para tentar segurar Patrese por mais algumas voltas, o que era
praticamente impossível devido à grande diferença entre os carros.Na 10ª volta,
Patrese toma a vice-liderança da corrida e logo na volta seguinte o italiano
aproveita para incomodar Mansell. O desempenho do carro número 6 era melhor até
que o do inglês naquele início de corrida.A ultrapassagem sobre o “Leão” veio
na volta 14. No final da grande reta, Patrese deixa para frear por último,
Mansell também frita seus pneus, mas o italiano fica com a linha de dentro para
sair na frente após duas curvas lado a lado com seu companheiro de equipe.Ao
mesmo tempo em que o italiano tomava a ponta, Alesi conseguia ultrapassar Senna
e, na sequência, rodava sozinho com sua Ferrari e caía para a sexta posição.
Vendo que não tinha ritmo para enfrentar de igual para igual as Williams, Senna
começou a poupar seus pneus para não correr risco de ficar fora do pódio.
Nelson Piquet, que vinha em quarto com a Benetton, precisou efetuar a troca e
saiu da zona de pontuação.Quem esteve fora dos seis primeiros durante toda
prova foi Alain Prost. Em um final de semana desastroso, o francês largou em 7º
e abandonou a corrida na 16ª volta com problema no alternador de sua Ferrari.Na
volta 33, Mansell começou a sofrer com os pneus e Senna se aproximou. O
brasileiro tentou a ultrapassagem, mas preferiu não correr o risco de um
possível toque. Pensando no campeonato, Senna sabia que o terceiro lugar estava
de bom tamanho para um final de semana difícil.Ao completar a volta 45, Mansell
decidiu ir à caça de Patrese, que estava com 25 segundos de vantagem e parecia
ter a vitória garantida. O “Leão” começou a fazer várias voltas rápidas,
virando bem mais veloz que o italiano. No giro 61, o britânico cravou a melhor
volta prova: 1min16s788, tempo que era melhor que a sua volta própria volta no
treino classificatório – 1min16s978.O piloto inglês encostou em Patrese na
última das 67 voltas, mas não conseguiu ultrapassar e o italiano venceu por
1s336. Senna completou em terceiro, saindo com dificuldades do cockpit da
McLaren. Ainda na zona de pontuação estiveram Andrea De Cesaris em quarto
(Jordan), o brasileiro Roberto Moreno (Benetton) em quinto e Éric Bernard, da
Lola, em sexto.Na tabela, Senna chegou aos 44 pontos, mantendo assim a
liderança do campeonato com 24 pontos de vantagem para Riccardo Patrese,
segundo na classificação. Piquet ainda era o terceiro com 16 pontos e Mansell
subiu para o quarto lugar com 13.A sétima etapa do Campeonato Mundial de 1991
estava marcada para Magny-Cours, na França, em três semanas.
Fonte: História de Ayrton Senna http://www.ayrtonsenna.com.br/piloto/
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