O apaixonado público italiano marcou presença em
Imola. Eram cerca de 150 mil ferraristas prontos para apoiar Alain Prost e Jean
Alesi, os pilotos da escuderia. Os italianos acreditavam que aquela era uma
ótima oportunidade para o time de Maranello quebrar um tabu que já durava oito
anos desde a última vitória da equipe no Autódromo Enzo e Dino Ferrari.
Mesmo com a sexta pole position consecutiva de Ayrton
Senna no dia anterior, os italianos estavam confiantes. Sonhavam com o
reencontro da Ferrari com a vitória, e aquele era o palco mais propício. Senna
cravou 1min21s877 no sábado, apenas 0s080 mais rápido que o piloto da casa,
Ricardo Patrese, com a equipe Williams, nitidamente uma força em ascensão no
campeonato de 1991. Alain Prost e Nigel Mansell formavam a segunda fila. Gerhard
Berger, companheiro de Ayrton na McLaren, largava em quinto.No domingo, sob uma
chuva intensa que castigava a pista, nem o mais apaixonado torcedor aguentou
assistir ao que estava para acontecer: Prost rodou na volta de apresentação e
sequer alinhou no grid de largada, complicando ainda mais a sua vida no início
do campeonato. O cenário não era bom para o francês: além de ter reforçado a
imagem de que não era tão eficiente na chuva quanto seu principal rival, Senna,
Prost ainda iniciava uma crise com sua equipe que culminaria na demissão antes
mesmo do fim da temporada.É importante dizer, no entanto, que as condições de
pista eram de fato muito perigosas: Berger também rodou no mesmo ponto que o
francês, mas conseguiu trazer o carro de volta para o traçado e se posicionar
no grid.Na
largada, a pista continuava muito escorregadia. Nelson Piquet, que em 1991
seguia na equipe Benetton, rodou ainda na primeira volta. Patrese pulou na
frente de Senna, enquanto Mansell caiu para o final do pelotão, por problemas
na caixa de câmbio de sua Williams. O britânico ainda tomou um toque de
Brundle, e perdeu o controle do carro ainda na primeira volta.As coisas
pioraram para a Ferrari quando Alesi derrapou e saiu da pista na segunda volta.
A cena triste que marcou o dia foi a saída precoce de mais da metade dos
espectadores do circuito. Não era um bom dia para torcer pela escuderia
italiana.A disputa entre Patrese e Senna prometia ser boa, afinal, eram os
vencedores dos últimos dois GPs de San Marino. A pista começou a secar e em
poucas voltas Ayrton começou a encostar. Quando armava o bote para a
ultrapassagem, o italiano foi para os boxes com problemas no motor Renault.A
partir daí, os italianos assistiram um verdadeiro desfile de Ayrton Senna. Um
passeio de 61 voltas e a terceira vitória em três corridas na temporada. À
televisão local, Senna parabenizou aqueles que ficaram nas
arquibancadas:“(Dedico a vitória) aos mais fantásticos amantes das corridas do
mundo” No pódio, Senna teve a companhia de Gerhard Berger, formando a
dobradinha da McLaren, e J.J. Letho, com a equipe italiana Dallara, piloto que
viveu seu grande dia na carreira: era seu primeiro e único pódio na Fórmula 1.
Com os incidentes da maioria dos favoritos, foi um dia de grande festa para as
equipes menores e intermediárias, que conseguiram conquistar valiosos pontos no
campeonato. Pierluigi Martini da Minardi foi o quarto, Mika Hakkinen foi o
quinto com a Lotus, logo à frente de seu companheiro de equipe, Julian Bailey,
que chegou em sexto e assegurou a última posição que conquistava pontos.
E por falar
em pontos, Senna disparava na liderança do campeonato. Com a vitória em San
Marino, ele mantinha um aproveitamento de 100% no Mundial, com três vitórias em
três corridas, acumulando assim 30 pontos (em 1991, a vitória passou a valer 10
ao invés dos habituais 9). O segundo era Berger, com 10, enquanto o rival Prost
tinha 9, em terceiro. Mansell, que seria o maior adversário de Senna nas
corridas finais de 1991 na briga pelo título, seguia no zero após três corridas
– uma vantagem que, mais tarde, o inglês veria que seria difícil de recuperar.
Fonte: História de Ayrton Senna http://www.ayrtonsenna.com.br/piloto/
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