Os alemães estavam eufóricos com a rápida ascensão de
Michael Schumacher (Benetton) na F-1, por isso a expectativa era de
arquibancadas lotadas em Hockenheim. O país, que ainda vivia o processo de
reunificação, estava carente de um ídolo no automobilismo, onde não havia um
representante que disputasse vitórias na F-1 desde a década de 70.O campeonato
apontava Nigel Mansell disparado na frente com 76 pontos, enquanto Riccardo
Patrese, seu companheiro de Williams, tinha 40. Schumacher era o terceiro com
29, enquanto Gerhard Berger tinha 20 pontos e Senna apenas 18.O brasileiro
estava em sua temporada mais difícil da carreira, onde o motor Honda já não era
mais o destaque. Até o GP da Alemanha, décima etapa do campeonato, Senna tinha
conquistado três pódios, sendo um deles com uma vitória histórica em Mônaco, na
sexta corrida do ano. Após o triunfo no Principado, Ayrton vinha de três
abandonos, sendo dois por problemas eletrônicos e um justamente por um toque de
Schumacher.Nos treinos, não houve nenhuma novidade. Numa pista rápida como
Hockenheim, a vantagem era toda da Williams, levando Ayrton Senna a se
enfileirar novamente na terceira posição. A pole ficou com Mansell após o
inglês cravar 1min37s960 e Patrese ficou com o segundo lugar. O tempo de Senna
foi de 1min39s106, enquanto Berger foi ainda mais lento com 1min39s716 e iria
largar ao lado do brasileiro em quarto. Schumacher foi apenas o sexto, atrás do
francês Jean Alesi, da Ferrari.No domingo, mais de 120 mil pessoas compareceram
ao autódromo alemão para a corrida, que foi bastante disputada em Hockenheim.
Patrese contornou a primeira curva na frente de Mansell, mas logo após o final
da primeira grande reta o britânico já recuperaria a ponta. O mesmo acontecia entre
Senna e Berger. O austríaco não conseguiu sustentar a terceira posição,
recuperada pelo brasileiro.Alesi largou mal e perdeu posições para as duas
Benetton, a de Schumacher e a do inglês Martin Brundle. Na volta 14, Mansell e
Berger param nos boxes para trocarem seus pneus. O britânico voltou na terceira
posição, atrás de Patrese e de Senna. A parada de Berger foi bastante lenta e,
como a McLaren do austríaco tinha problemas, o piloto abandonou poucas voltas
depois.Na sequência, Mansell colou na traseira de Senna nas voltas seguintes e
o brasileiro levou o “Leão” a um pequeno erro. O inglês atropelou um cone em
uma das curvas, passou reto na chicane, mas ainda na mesma volta conseguiu
tomar o segundo lugar da McLaren. Senna não gostou da manobra e comentou com os
jornalistas, após a prova, sobre o fato de Mansell ter sido beneficiado por
cortar a curva.“Acho que ele deveria ter sido punido. Não com a
desclassificação, mas no mínimo com 10 segundos, pois sem aquela manobra o
resultado da corrida poderia ser outro”. Na volta 19, Patrese vai para o box e
Mansell reassume a liderança. A partir daí, vem o show de Ayrton Senna. O
brasileiro decidiu não fazer nenhum pit -stop para ter chance de pelo menos
ficar na frente do piloto italiano e terminar em segundo.Para encostar em
Senna, Patrese ainda precisou superar Schumacher, que lutou bastante pela
posição até ser ultrapassado na volta 32. Portanto, restavam 13 voltas para o
vice-líder do campeonato tentar recuperar o segundo lugar, que pertencia a
Ayrton.A diferença era de 6 segundos, mas em apenas três voltas ela foi tirada
pelo piloto da Williams. Mesmo assim, o jornalista Reginaldo Leme, que
trabalhava na transmissão da corrida pela TV Globo, acreditava que o brasileiro
poderia conseguir segurar a posição.“Se ele (Patrese) teve dificuldade de
passar o Schumacher, mesmo com seus 233 Grandes Prêmios e o Schumacher apenas
15 (GPs), imagine a briga agora que ele terá ao encostar no Senna, porque o
Senna tem 135 (GPs). É uma experiência muito maior que a do Schumacher, então
vamos ver como é que vai ser essa briga no momento em que ele chegar”, disse o
comentarista.Durante 8 voltas, mesmo conseguindo pegar o vácuo de Senna nas
retas gigantescas de Hockenheim, Patrese não tomava o segundo lugar. Senna
parecia se especializar em segurar rivais com carros bem mais rápidos na
temporada 1992. O roteiro desta vez era ainda mais desfavorável, já que Patrese
tinha pneus bem menos desgastados que o brasileiro.Na perseguição, Patrese
cometeu três erros: o primeiro foi exatamente na mesma chicane do erro de
Mansell, quando o inglês atropelou o cone. Na segunda falha, Patrese pegou um
pouco de areia ao beliscar a zebra depois da curva 1. E por fim, na última
volta, o italiano tira do vácuo para tentar a manobra em cima de Ayrton e acaba
rodando sozinho quando faltavam apenas quatro curvas para a bandeirada.Com
isso, Mansell chega em primeiro, Senna em segundo e Michael Schumacher completa
a corrida em terceiro. Brundle foi o quarto e Patrese sequer pontuou, pois o
italiano não conseguiu tirar o carro da grama.As manobras de Senna na Alemanha
se tornaram inesquecíveis para Livio Oricchio, jornalista do Globoesporte.com.
Em entrevista ao canal Senna TV, ele aponta esta como uma das provas mais
fantásticas do piloto brasileiro. “Uma corrida do Ayrton que ficou na minha
memória e que ele não ganhou foi em Hockenheim 92″. Confira a entrevista
completa com Livio no site da fonte. No
campeonato, Mansell disparou para 86 pontos, Patrese estacionou nos 40,
Schumacher foi para 33 e Senna passou Berger. O brasileiro chegou aos 24 pontos
contra 20 do austríaco.
Fonte: História de Ayrton Senna http://www.ayrtonsenna.com.br/piloto/
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