Cerca de duas horas antes do início do GP do México, Emerson
Fittipaldi vencia as 500 Milhas de Indianápolis exatamente naquele 28 de maio
de 1989. O Brasil tinha a oportunidade de ter dois campeões mundiais fazendo
história no mesmo dia no continente norte-americano… e assim seria feito.A
altitude dos mais de 2.200 metros da Cidade do México poderia nivelar os carros
em performance, um tempero extra para um disputado Grande Prêmio, já que a
temporada anterior e o início de 1989 não pareciam muito animadores para as
rivais da McLaren. Apesar da vitória de Mansell com a Williams na abertura do
campeonato, em San Marino, e logo depois em Mônaco, a campeã vigente da época
conquistou duas dobradinhas, ambas com Senna em primeiro e Prost em segundo.No
México, quarta etapa do ano, nem o fator “altitude” teve influência na formação
da primeira fila. Ayrton Senna fez novamente a pole, a sétima seguida, e ainda
igualou ao recorde de poles que na época era de Jim Clark, com 33 na carreira.
Junto com Ayrton na primeira fila estava seu companheiro Alain Prost, mais uma
vez para um duelo na largada. O brasileiro cravou 1min17s876, praticamente nove
décimos mais rápido que o francês no sábado. Prost fez a sua melhor volta no
classificatório em 1min18s773.No grid, uma ótima notícia animava o paddock da
Fórmula 1. Gerhard Berger estava de volta após sofrer um acidente na curva
Tamburello, no GP de San Marino, e ficar de fora em Mônaco. A segunda fila foi
composta por Nigel Mansell da Ferrari e Ivan Capelli, da equipe March. Patrese
e Berger formaram a terceira fila, com a Williams na frente.Na largada, Senna
manteve a ponta, seguido das Ferrari de Mansell e Berger. Prost, que largou
mal, caiu para a quarta posição. Ainda na volta inicial, um incidente
envolvendo os carros de Stefano Modena e Olivier Grouillard acabou fazendo com
que a direção desse início a mais um procedimento de largada, com as mesmas
posições do grid inicial. Claro que Ayrton Senna não gostou, mas Prost, que
tinha ficado para trás, animou-se por voltar a primeira fila.Na relargada, o
brasileiro novamente tomou a frente, desta vez com o francês mantendo a segunda
posição. A mudança ficou por conta de Berger que superou Mansell, mas o
britânico deu o troco ainda nas voltas iniciais. As brigas por posições eram
caseiras nas primeiras dez voltas, Senna com Prost, Mansell com Berger e
Patrese com Boutsen, pilotos da Williams.A partir da volta 12, Senna apertou o
ritmo, deixou Prost para duelar com Mansell, e abriu cinco segundos de
vantagem. Na volta 16, Berger começou a ter problemas em sua Ferrari e teve que
recolher para os boxes. Durante a prova, Ayrton tinha uma grande carta na
manga: ele usou pneus duros do lado esquerdo e macios do lado direito para
largar. A aposta deu certo, pois o brasileiro não precisou ir para os boxes
trocar pneus, enquanto Prost não conseguiu poupar seu equipamento e teve que
efetuar a troca dos Goodyear durante a corrida. Ayrton acabou sofrendo pressão
de seu companheiro de equipe apenas no início da corrida.Na volta 20, Prost
teve que retirar os pneus macios que já estavam muito desgastados, porém um
novo erro na escolha dos pneus acabou fazendo com que ele tivesse que parar
outra vez 15 voltas mais tarde, deixando o caminho livre para o triunfo de
Senna. Com o abandono de Mansell na volta 43 por problemas na caixa de câmbio,
o pódio do GP do México foi composto por Ayrton Senna, Riccardo Patrese e
Michelle Alboreto, ex-piloto da Ferrari e que conquistava o primeiro pódio da
Tyrrell desde 1983.Os italianos preencheram quatro das seis vagas que pontuaram
na corrida. A quarta posição ficou com Nanini e a sexta com Gabriele Tarquini.
Prost foi apenas o quinto e viu seu companheiro de equipe somar 7 pontos a mais
na classificação. O placar de pontos apontava 27 para o brasileiro e 20 para o
francês. Senna completava com grande estilo a festa iniciada por Emerson
Fittipaldi naquele domingo.No final da corrida, Senna ainda brincou com a
situação da relargada quando lhe perguntaram qual tinha sido o segredo da
vitória:“Simples. Eu estava preparado para três largadas”
Fonte: História de Ayrton Senna http://www.ayrtonsenna.com.br/piloto/
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