Após a dobradinha da McLaren com a vitória de Alain
Prost em “casa” no circuito de Paul Ricard (França), a Fórmula 1 já se
preparava na semana seguinte para mais uma etapa, desta vez no circuito de
Silverstone, pista onde Ayrton Senna poderia ser considerado um “local”, com
tantas histórias de conquistas nas categorias de base como Fórmula Ford e
Fórmula 3 Inglesa.Apesar do excelente retrospecto nas categorias que
antecederam a Fórmula 1, Senna ainda não havia conseguido emplacar uma vitória
nesta que é uma das etapas mais tradicionais do automobilismo europeu. Seus
melhores resultados eram dois terceiros lugares: um com a Toleman em 1984
(Brands Hatch), logo em seu primeiro GP de F-1 na Inglaterra, e outro com a
Lotus em 1987 (Silverstone).O campeonato tinha total domínio das McLaren, com
15 pontos de diferença entre o francês, líder, e o brasileiro (54 x 39). Depois
de polarizarem as disputas de toda a temporada, Senna e Prost assistiram a uma
mudança nos treinos para a corrida em Silverstone. Foi a Ferrari que chegou
andando melhor no circuito inglês, conquistando a pole position com Gerhard
Berger. O austríaco cravou 1min10s133 e a equipe italiana também colocou
Michele Alboreto (1min10s332) na primeira fila.Estaria o amplo domínio das
McLaren ameaçado? Certamente não. Essa seria a primeira e única vez na
temporada em que a McLaren deixava de fazer a pole position em 1988. Senna
estava na segunda fila ao lado de seu companheiro, após ser 0s120 mais rápido
que Prost no classificatório.No domingo, a largada aconteceu sob intenso
temporal. Era a primeira vez que isso acontecia desde a década de 1960, o que
garantia um bom divertimento para o público que lotou mais uma vez as
arquibancadas em Silverstone.Ayrton Senna manteve sua terceira posição após a
primeira curva, mas nem precisou se adaptar ao asfalto escorregadio e logo
colou na traseira de Alboreto, tomando a segunda posição ainda na primeira
volta. Quem não largou bem foi Prost, que caiu para nono após a primeira curva.
O início era bastante promissor para o brasileiro para a corrida de 65 voltas
nos 4.778 metros de Silverstone.Àquela altura já reconhecido como “rei da
chuva” na F-1, sendo o melhor piloto em corridas com pista molhada, Senna
partiu à caça de Berger. A ultrapassagem sobre o austríaco foi o auge da
corrida na volta 13. Senna encostou na Ferrari, retardou a freada ao máximo que
era possível, e segurou o carro em cima de Prost, quase colidindo com o rival,
que estava prestes a tomar uma volta do Ayrton.A partir daí, Senna “navegou” no
molhado rumo à vitória, em uma prova que a chuva era tão forte que os pneus nem
se desgastaram. Alain Prost, desta vez, parou na 24ª volta, de maneira curiosa.
O piloto vinha perdendo várias posições e não conseguia tirar o melhor do seu
carro. Chegou a ficar em 15° antes mesmo das dez primeiras voltas.O boletim
oficial da McLaren registrou o abandono do francês como “falta de estabilidade
do carro”.Quando perguntado sobre o fato, mais tarde, Prost foi pragmático:
“Parei por que não havia condições de pilotar”. E disparou: “Cada um sabe
quanto vale a sua vida”.O pódio da primeira vitória de Ayrton Senna no GP da
Inglaterra foi completado por Nigel Mansell da Williams e Alessandro Nannini,
da Benetton. Outro piloto brasileiro que fez uma prova brilhante foi Maurício
Gugelmin, levando a pequena March ao quarto lugar. Nelson Piquet foi o quinto
com a Lotus, fazendo com que o Brasil tivesse três pilotos entre os cinco
primeiros. Berger, que estava com um tranquilo segundo lugar, teve problemas
com o combustível e ficou pelo caminho na volta 50.Com a vitória de Senna e o
abandono de Prost, o campeonato voltou a ficar equilibrado: a diferença entre
os dois caiu de 15 para 6 pontos, ainda com vantagem para o francês. A
temporada chegava a sua metade apontando quatro triunfos para cada piloto da
McLaren nas oito etapas. Com isso, a temporada 1988 prometia entrar em sua
metade final com uma decisão ainda mais eletrizante.
Fonte: História de Ayrton Senna http://www.ayrtonsenna.com.br/piloto/
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