segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A contratação de Ayrton Senna pela Mc Laren em 1988


"McLaren queria Piquet em 88; fui eu que sugeri Senna", revela Prost

 Fonte: UOL 31/10/2013
No dia em que a conquista do primeiro título mundial de Ayrton Senna completou 25 anos, uma importante informação revelada por Alain Prost, em entrevista recente ao canal britânico "Sky Sports", trouxe à tona a ideia de que a maior rivalidade da história da F1, iniciada justamente na disputa pelo título daquele lendário campeonato de 1988, poderia nunca ter existido. Ou, pelo menos, ter ocorrido de uma forma totalmente diferente.Durante um quadro de longas entrevistas da rede, chamado "F1 Legends", o tetracampeão francês declarou que o brasileiro(Ayrton Senna) não era a primeira opção da McLaren para aquele ano. Segundo ele, o time inglês estava de olho era em seu compatriota e então bicampeão Nelson Piquet, que à época lutava pelo tri contra Nigel Mansell na Williams.Prost garantiu ter atuado decisivamente para que a equipe desistisse de Piquet e voltasse suas atenções a Senna, pois, em sua visão, o jovem da Lotus seria uma melhor aposta para o futuro. "Eles queriam Nelson. E Nelson era um bom amigo, sempre fomos próximos, enquanto eu mal conhecia Ayrton. Mas eu falei: 'Por que Nelson? Se vocês querem uma equipe forte, peguem o melhor e mais jovem para o futuro: peguem Ayrton'. Todos olharam para mim e perguntaram por que eu queria Ayrton. E eu disse: 'É pelo interesse do time'". relatou."Para mim, seria mais fácil escolher Nelson, mas eu não vi nenhum problema (em ter Senna como companheiro). Você sempre precisa tomar decisões que sejam favoráveis ao interesse da equipe. A McLaren era minha família, todos eram meus amigos. E eu nunca havia tido problema com companheiros antes. Sem Ayrton (na equipe), eu poderia ter conquistado talvez mais dois ou três campeonatos, é verdade, e minha vida poderia ter sido um pouco diferente, mas (eu só cheguei a me arrepender) na época, não agora. Pelo lado esportivo, humano, subimos a um nível diferente", seguiu...

 A CHEGADA DA HONDA

....O resto da história, todos sabemos: a negociação envolveu a chegada da Honda e, juntos, escuderia, fornecedora de motores e pilotos formaram aquela que talvez tenha sido a esquadra mais forte e explosiva da história. Dominantes nas duas campanhas em que atuaram na mesma garagem, os dois arquirrivais acumularam um título cada, muitas polêmicas e uma inimizade que duraria até o fim de 93.Embora a situação só tenha tomado proporções epopeicas em 1989, já no ano anterior havia sinais de faísca em uma relação que sempre esteve na limiar entre o civilizado e a guerra sem limites éticos. "Me lembro (do GP) de Portugal, em que (um acidente) foi muito próximo (após tomar uma espremida de Senna na reta principal. Assista ao vídeo logo abaixo). Vamos dizer que foi no limite", avaliou. Em 1988 a Mc Laren troca os motores TAG Porsche turbo pelo motor Honda  Turbo V6 . Ano que coincide com a chegada de Ayrton Senna.

 PROST SUSPEITAVA DE FAVORECIMENTO À SENNA DENTRO DA MC LAREN

Outra preocupação de Prost naquele período era quanto a um possível favorecimento da montadora japonesa ao seu companheiro(Prost achava que equipe favorecia Senna). Embora nunca tenha tido certeza disso, o francês tinha sérias razões para suspeitar e, por isso, aquele cenário acabou sendo prejudicial para o seu psicológico. Consequentemente, afetou também seu desempenho em pista a partir do ano seguinte."Em novembro (de 88), lembro de ter tido uma estranha conversa com o presidente da Honda em um jantar, porque eu disse que sentia que a Honda estava favorecendo Ayrton. Ele me respondeu: 'Eu sei, eu sei. Temos uma nova geração de engenheiros que gostam de Ayrton'. Eu questionei: 'Há uma forma de mudar isso? Para mim, é muito difícil', e fiquei bastante confiante após essa conversa", contou.
http://forum.esporte.uol.com.br/mclaren-queria-piquet-em-88-fui-eu-que-sugeri-senna-revela-prost_t_2781140

MC LAREN CONTRATA FISIOTERAPEUTA 

Josef Leberer auxiliava na parte física e mental de Ayrton Senna


Em 1988 a equipe da McLaren tinha contratado um fisioterapeuta austríaco, a fim de cuidar da parte física e mental de Ayrton Senna. O fisioterapeuta era Josef Leberer, que ainda atua na Formula 1 como profissional dessa área. Por ter sido contratado no fim da década de 80, Leberer chegou a participar das três vitórias  consecutivas do piloto durante as competições.
Ele ficou responsável por elaborar a dieta do piloto, assim como os treinamentos que Senna teria que realizar antes e após as corridas, com o objetivo de reduzir o stress causado pela rotina.
A fisioterapia é fundamental para aqueles que têm o hábito de dirigir, especialmente por períodos longos. Nesses casos, a postura, assim como a distância do banco para o volante do veículo, devem estar bem posicionadas para que o motorista se sinta confortável na hora de dirigir.
http://www.centraldafisioterapia.com.br/dicas-de-saude/josef-leberer-auxiliava-na-parte-fisica-e-mental-de-ayrton-senna
                                              Josef Leberer, ao centro, e Ayrton Senna
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A Temporada de Fórmula   de 1988 foi a 39.ª realizada pela FIA , decorrendo entre 3 de Abril e 13 de Novembro de 1988 , com dezesseis corridas. Teve como campeão o brasileiro Ayrton Senna da equipe Mc Laren sendo vice-campeão o francês Alain Prost também da McLaren. O campeonato terminou com 90 pontos do brasileiro e 87 de Prost (Se todos os resultados fossem computados, o francês Alain Prost terminaria o ano com 105 pontos e Senna com 94), porém a regra da época permitia o descarte de piores resultados.Foi tido como um ano "monótono", onde a equipe McLaren venceu 15 dos 16 GPs, massacrando a concorrência (a Ferrari venceu em Monza, com Berger, após Senna ser atingido por um retardatário quando, líder, abria a penúltima volta). Mas o que foi mais impressionante foi a corrida de Mônaco onde Senna após colocar mais de 50 segundos de vantagem sobre Prost bater sozinho na entrada do túnel. Para muitos especialistas foi um divisor de águas na carreira do brasileiro, cujo após o episódio se tornou mais forte mentalmente passando assim a vencer várias corridas com performance superior ao francês e demais pilotos indo rumo ao título. Ficou também este campeonato marcado pela morte do comendador Enzo Ferrarii, e também foi marcado por ser o último ano na história dos motores turbo  que comandaram as equipes nos anos 80, para abrir espaço para entrada dos motores atmosféricos na última década(1989), até a temporada de 2014 , onde foram legalizados os motores turbo novamente sob tecnologias sustentáveis, muito diferentes da época. Somente seis equipes adotaram a solução turbo em 1988, incluindo a campeã McLaren
Fonte: wikipedia 
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PORQUE SENNA E PIQUET VIRARAM INIMIGOS
 
Fonte: Paddock Info
Jamais entendi por que o país se dividiu na idolatria entre Ayrton Senna e Nelson Piquet. Seria anormal a identificação com a espontaneidade - às vezes até azeda - de Piquet, ou a admiração pelo recato - até inexorável - de Senna com os fãs. Mas surgirem legiões anti-Senna ou anti-Piquet, sendo ambos tricampeões e brasileiros, é, no mínimo, algébrico.
Eu, que estive em minoria como fã dessa dupla fantástica, acho que, mesmo inconsciente, foram eles que animaram essa divisão com os dardos de suas pirraças particulares. E, ironicamente, quanto tivemos a maior força na Fórmula 1 nas pistas do mundo.
O primeiro desentendimento entre Senna e Piquet surgiu em 1983, quando Bernie Ecclestone, dono da Brabham e patrão de Piquet, quis conhecer melhor Ayrton Senna. Ele era a grande revelação da época e Ecclestone, como os demais donos de equipe, ficou de olho nele. Chamou Piquet e propôs: "Eu gostaria de avaliar melhor esse brasileiro e fazer um comparativo entre vocês. O que você quer para topar um teste justo, em absoluta igualdade de condições?".
Piquet garante que exigiu apenas a igualdade. Daria meia dúzia de voltas com pneus velhos e acertaria o carro. Então colocaria pneus novos e faria a tomada de tempo. Senna deveria ter as mesmas condições. "E se ele fizer o mesmo tempo ou menos?", provocou Ecclestone.
"Bom, se isso acontecer, eu te pago 100 mil dólares. Mas se for o contrário, você é que me paga os 100 mil", propôs Piquet.
Ecclestone riu, concordou com a cara de quem tem um ás na manga, e os dois pilotos brasileiros foram para o circuito Paul Ricard, na França, fazer o teste.
Piquet seguiu o roteiro combinado, mas teve uma surpresa ao entrar no carro: a mando de Ecclestone, a válvula de regulagem de potência do turbocompressor estava lacrada num ponto imutável. Era uma artimanha do patrão para que o teste fosse realmente justo. Afinal Piquet, além de malandro, conhecia bem o carro e o motor com o qual tinha sido campeão.
Na versão de Piquet tudo seguiu como o estabelecido: ele deu cinco voltas com pneus usados, trocou-os por novos, fez o tempo de 1min7s (no pequeno circuito de Paul Ricard) e entregou o Brabham. Ayrton Senna fez a mesma coisa com os pneus velhos, mas usou mais jogos de pneus novos e não conseguiu atingir a marca de Piquet.
Mesmo assim o teste foi considerado muito bom e o próprio Piquet admite que elogiou Senna para o patrão, que resolveu contrata-lo.
Mas, segundo Piquet, a Parmalat, multinacional italiana, patrocinadora da Brabham na época, não aceitou.
"Eles queriam um italiano (no caso Riccardo Patrese), e não outro brasileiro. Daí o Senna saiu dizendo que eu havia boicotado ele. Eu só ganhei 100 mil dólares", ironizava Piquet.
As relações azedaram mais quando Piquet saiu da Williams para a Lotus, em 1988, e disse que a primeira providência que tomaria antes de entrar que fora de Ayrton Senna seria desinfetá-lo bem.
Em janeiro, porém, Piquet resolveu ser diplomático e jogar água fria na briga, elogiando Senna: "Ele é um bom piloto, ainda não é campeão, mas seguramente será. Tem tanto talento quanto eu, e não é lógico essa história de ficar brigando, como se a torcida fosse obrigada a escolher entre um e outro. Acho que ele só está errado em já se achar o melhor. Isso é péssimo. É importante acreditar que alguém é melhor que você para continuar progredindo".
Em 1988, quando a guerra travada entre os dois parecia terminada, Senna, mesmo brincando, acendeu o estopim de uma explosão que nunca mais se apagou. Depois de assinar com a McLaren, Senna isolou-se do mundo e só reapareceu no dia 6 de março no circuito do Rio de Janeiro, onde várias equipes, inclusive a Lotus, testavam pneus e fez uma declaração publicada na íntegra no Jornal do Brasil: "Eu tinha que dar aos outros uma chance de aparecer um pouco. Afinal, não tem sentido um cara ser tricampeão e eu continuar sendo assunto. Já que ninguém gosta muito dele, o único jeito era eu sumir para que ele pudesse aparecer um pouco."
A réplica, bem ao estilo Piquet, veio rápida e atingiu Senna em cheio: "Senna desapareceu esses meses não foi para deixar eu aparecer. Foi para não ter que explicar à imprensa brasileira por que não gosta de mulher".
Estava deflagrada a nova guerra. Senna - como já esperava Piquet - levou a declaração muito a sério. Nem os conselhos do diplomático diretor da McLaren, Creighton Brown, para que o comentário fosse aceito como brincadeira, acalmou o piloto. Senna esbravejou, chamou Piquet de débil mental, sugeriu que "um cara como esse deveria ser internado pelo resto da vida num hospício para evitar falar tantas bobagens.".
Piquet, certo de que tinha provocado um estrago, não mudou o tom. "Eu apenas disse que ele não gosta de mulher, e ele não gosta mesmo. Mantenho o que disse", reafirmou em 9 de março de 1988. No mesmo dia, os jornais publicaram na íntegra um telegrama de Ayrton Senna, que examinava a possibilidade - depois confirmada, por meio dos seus advogados, de processar o detrator.
Quando a oficial de justiça entregou a intimação a Nelson Piquet, no autódromo, em 13 de março para comparecer num prazo de 48h à 22a Vara Criminal, do RJ, onde deveria confirmar ou negar as suas declarações, o bate-boca já era assunto mundial. Era pública a intenção dos advogados de Senna em enquadrá-lo no crime de difamaçao e injúria (previa uma pena de 1 ano e meio de detenção) no caso de confirmar a declaração de que "Senna não gostava de mulher".
O L'equipe, principal jornal francês de esportes, deu sob a manchete "Escândalo Rio", que Piquet e Senna ultrapassaram o nivel de disputa, alcançando o ódio. Para o jornal tratava-se de uma inevitável e dramática escalada estimulada por certos jornais brasileiros. Criticavam Piquet por ter levantado dúvidas sobre a vida sexual de Senna, como se faz num recreio em colégio primário.
O Le Sport - também francês - afirmava que Piquet pretendeu deixar claro que Senna era homossexual e pergunta: "Como um tricampeão do mundo (Piquet) pôde ter derrapado tão gravemente?". O jornal ainda criticou duramente Piquet por suas "costumeiras brincadeiras, cada vez mais de mau gosto".
Os outros brasileiros, presentes ao circuito carioca, eram requisitados mais para opinarem sobre a briga do que pela performance na pista. Thierry Boutsen, piloto belga da Benetton: "É um absurdo. Eu conheço bem o Ayrton há tempo e sei que isso não é verdade. Talvez esse boato tenha surgido porque ele é tímido."
Riccardo Patrese, italiano da Williams: "É lamentável que a coisa tenha chegado a esse ponto". Alain Prost, francês da McLaren: "sem comentários".
Alessandro Nannini, italiano da Benetton: "Ainda que Piquet não tenha razão, Senna não deve se preocupar. Metade da população mundial é gay". A discussão entre Senna e Piquet deixava a McLaren e Lotus à margem dos treinos, propiciando um condimentado prato à imprensa italiana.
A revista italiana Panorama, com uma tiragem semanal de 800 mil exemplares, dedicou várias páginas à irreverência do tricampeão Piquet que "pôs em dúvida a fama de don juan que ostentam os pilotos de Formula 1".
Sob o título "Fórmula homo, sexo e motores", a reportagem estampava várias fotos de Senna e Piquet em belas companhias femininas, mas alertava que o assunto é daqueles que não podiam passar desapercebidos e a revista resolveu investigar a "afirmação" de Piquet. Os três autores da reportagem interrogaram diversas pessoas. Entre elas uma bela modelo morena italiana, que, embora insistisse em ficar incógnita, jura que Piquet mentiu. Disse na época: "Vivemos juntos (Senna e eu) durante seis mses, e não tenho dúvidas sobre a masculinidade de Ayrton".
Os repórteres da revista mergulharam fundo nos bastidores da F1 e publicaram que outras personalidades do circo foram mais longe, informando à revista que "Katherine Valentim, modelo belga e ex-funcionária da grife Boss, patrocinadora da McLaren, foi íntima frequentadora de Senna, antes de ser companheira de Piquet". E nas entrelinhas a suspeita: "Quem sabe o ciúme também entrou na pista?".
A verdade é que Ayrton Senna nem Nelson Piquet imaginaram que suas ofensas ecoassem tão longe. Se Senna jamais se livrou completamente da aleivosia, Piquet ficou com a pecha de fofoqueiro, principalmente na imprensa francesa que jamais o perdoou depois do episódio.
Sentindo que a quarela tomava rumos incontroláveis, os advogados de Piquet, tentaram minimizar o fato, com argumentos até cômicos. Primeiro Piquet não teria falado em tom de entrevista. Disseram que houve um erro de interpretação, conotando o "não gosta de mulher" como um mero pregão mal interpretado. "No meio da F1, sempre acontecem atropelos e as perguntas são lançadas sobre os profissionais ainda aturdidos e desgastados pelos problemas de pista e que, por isso mesmo, têm necessariamente o colorido da pressa."
E continuavam: "Quando fizemos que o sr. Fulano não bebe, não estamos garantindo que esse sr. Fulano, nas reuniões sociais que frequenta, ou talvez em sua casa, recuse o copo de vinho ou se furte a preparar a sua dose de uísque. Estamos apenas assegurando que o dito sr. Fulano não é um alcoólatra", argumentaram os advogados.
No dia 18 de março de 1988, Ayrton Senna, tentando dar fim ao rumoroso caso, distribuiu uma nota oficial aos jornais declarando-se satisfeito com as declarações prestadas por Nelson Piquet ao juiz de justiça na 22a Vara Criminal do Rio de Janeiro.
Judicialmente o caso foi encerrado, mas Senna e Piquet jamais voltariam a conversar. O mais que se aproximaram foi nas festivas dobradinhas brasileiras em três pódios. Curioso é que jamais tiveram qualquer problema em oito anos de pista nos mais de 32 mil quilometros dos 146 GP's que se enfrentaram. Ambos foram arrojados, determinados e sequiosos por vitórias, mas éticos esportistas e estupendos tricampeões. Talvez a culpa seja dos seus anjos da guarda, um tanto descuidados fora da pista.
 
 http://paddockinfo.blogspot.com/2011/05/por-que-piquet-e-senna-viraram-inimigos.html
 
Texto extraído do livro
"Os Arquivos da Fórmula 1"
ed. Panda Books
LEMYR MARTINS 
 

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