Líder do campeonato antes do GP da Inglaterra, palco
da sétima etapa do campeonato, Ayrton Senna sabia que era muito difícil
enfrentar as Williams numa corrida sem incidentes. As vitórias do brasileiro
com a Lotus em 1987 aconteceram em Mônaco e em Detroit, pistas de rua, onde o
piloto demonstrou uma capacidade acima de qualquer outro competidor para
vencer.Na tabela, Senna tinha 27 pontos, Prost (McLaren) era o segundo com 26,
Piquet (Williams) tinha 24 e Mansell (Williams) 21 pontos.Por mais que tivesse
várias vitórias na categorias de base (Fórmula Ford e F-3) em Silverstone,
Ayrton não havia conseguido sequer um pódio naquele que era um dos seus
circuitos favoritos. Mas isso tinha um explicação: as pistas de Brands Hatch e
Silverstone revezavam na época a sede do GP da Inglaterra – isso somente
terminaria justamente em 1987. Portanto, Senna só havia corrido na principal
pista inglesa pilotando um F-1 na temporada de 1985, quando liderou a prova com
a Lotus até a volta 59, seis antes do final, e acabou abandonando por causa de
uma pane seca em seu carro.Nos treinos, a Williams confirmou o seu favoritismo.
Nelson Piquet fez a pole position com o tempo de 1min07s110. Nigel Mansell
ficou apenas 0s070 do seu companheiro de equipe. Senna abriria a segunda fila e
teria Alain Prost ao seu lado no grid. Os três primeiros tinham motores Honda,
o que era fundamental em um circuito rápido como o de Silverstone.No domingo,
as arquibancadas em Silverstone estavam completamente lotadas. A expectativa
dos ingleses era por uma vitória do piloto da casa (Mansell), principalmente
pela vitória do “Leão” no GP anterior, realizado uma semana antes em Paul
Ricard, na França.Na largada, Prost tracionou melhor que os rivais, assumiu a
ponta com a McLaren, mas em poucas curvas foi ultrapassado por Piquet e
Mansell, que voltavam para a liderança ainda antes de completarem a primeira
volta. Senna cruzou o primeiro giro em quarto.Logo na abertura da volta 2,
Senna supera Prost e leva o francês em seu encalço nas voltas seguintes. Antes
mesmo de completar a quinta volta, o piloto da McLaren consegue dar o troco em
Ayrton e recupera o terceiro lugar. Era um bela disputa, que se estenderia por
diversos anos na F-1.Com essa batalha entre Prost e Senna, as Williams
começaram a sumir na frente do pelotão. Na volta 12, Mansell começa a reclamar
com a equipe de problemas nos pneus. A Goodyear, fabricante de pneus para todas
as equipes naquela temporada, havia certificado os times que não haveria
problema para completarem as 65 voltas com um mesmo jogo de pneus. Por isso,
qualquer pit stop poderia ser uma desvantagem com relação aos outros
competidores.Mesmo com as vibrações reclamadas por Mansell em seu carro, Piquet
não consegue abrir uma boa margem na liderança e vê sempre o britânico em seu
espelho retrovisor nas primeiras 20 voltas.Os mecânicos da Williams ficam
preparados no box para uma eventual entrada de Mansell no pit, mas ela somente
aconteceria na volta 35, quando não havia mais condições para os pneus do
“Leão”.Antes do inglês, Prost foi o primeiro dos líderes a parar na volta 29. O
francês estava forçando demais o carro, abriu mais de 10s de vantagem para
Senna, mas perderia toda essa vantagem com a troca de pneus. O campeão da
temporada de 1986 volta apenas na quinta posição, atrás de Alboreto (Ferrari),
e precisaria remar tudo de novo para volta à zona de pódio.Prost imprime um bom
ritmo e logo recupera o quarto lugar, ficando 13s atrás de Senna após 34
voltas. Quem também voltou bastante rápido após a troca foi Mansell. O piloto
da casa começou a fazer volta mais rápida atrás de volta mais rápida, indo à
caça de Piquet.Ao final da volta 42, Piquet tinha 23s7 de vantagem para
Mansell. A tática de Nelson era ir com os mesmos pneus até o final. Senna ainda
mantinha os mesmos 13s de vantagem para Prost, que mesmo com os pneus mais
novos não conseguia se aproximar da Lotus.Em 8 voltas, a vantagem de Piquet cai
10s e a torcida inglesa começa a acreditar na possibilidade do “Leão” assumir a
ponta. Na volta 54, Prost tem problemas de motor e abandona a corrida. O
terceiro lugar de Senna estava praticamente garantido, já que Alboreto também
teve problemas e abandonou duas voltas antes do francês. O quarto lugar caia no
colo do japonês Satoru Nakajima (Lotus), que completava a festa da Honda. A
montadora fornecia motores para os quatro primeiros colocados da corrida.Na
volta 58, restando apenas oito para o final, Mansell crava pela última vez a
volta mais rápida da prova em 1min09s832 e cola de vez em Piquet.A
ultrapassagem triunfal veio na volta 63, duas antes do final. Próximo à curva
Stowe, Mansell engana Piquet fazendo que iria tentar a manobra por fora, volta
por dentro e em um espaço muito pequeno consegue tomar a liderança. Os dois
quase se tocam, o que daria a liderança para Senna.Mansell vence o GP da
Inglaterra pela segunda vez consecutiva – o inglês já havia vencido em Brands
Hatch no ano anterior – e assume a vice-liderança do Mundial de Pilotos. Senna,
com o terceiro lugar na prova, mantém a primeira colocação no campeonato com 31
pontos, apenas um a mais que Mansell e Piquet, ambos empatados.Após cruzar a
linha de chegada, Mansell para seu carro próximo ao local onde havia concluído
a ultrapassagem sobre o companheiro de equipe e beija o asfalto para delírio
dos fãs que invadiram a pista.A etapa seguinte aconteceria em Hockenheim, na
Alemanha, em duas semanas.
Fonte: História de Ayrton Senna http://www.ayrtonsenna.com.br/piloto/
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